ELE SÓ QUERIA UMA CERVEJA!

Dr. Paulo Lima*

Essa eu tenho que contar! Não sei se o meu amigo aprovaria se soubesse, mas, como diz um ditado popular, “eu perco o amigo mas não perco a piada”!  Não é que a estória seja tão engraçada assim, mas, imaginando a cara de Adamastor, quando terminei de ouvir o relato, dei uma boa risada. Mas, vamos lá.
Adamastor é um  amigo que foi convidado, dias desses, para ir a um casamento da filha de uns amigos seus, nos Estados Unidos, mais precisamente no Estado de Utah. Se você olhar no mapa vai ver que esse Estado é uma “porqueirazinha” que fica no centro daquele País, cuja população, em sua totalidade, segue a religião mórmon. Eu nem conheço direito essa religião, nem quero conhecer, principalmente depois do que aconteceu com o meu amigo Adamastor. Deus me livre!  
“Demar”, como é carinhosamente chamado, pegou um voo para Maiami – paraíso dos brasileiros metidos a besta – e em lá chegando aproveitou para dar uma passadinha por “Las Vegas”, antes de seguir viagem. Queria conhecer, jogar um pouco nos cassinos e, claro, “tomar umas e outras que ninguém é de ferro”. Demar é dos meus! Aproveitou uma excursão que estava levando um pessoal lá de Santa Catarina e lá foram eles. Acontece que logo que entrou no ônibus, Demar sentiu o olhar enviesado de alguns deles. É que os catarinenses, como sabemos, são, em sua maioria, descendentes de alemães e logo viram que Demar só podia ser do nordeste, com aquela cara.  Engraçado, eu sempre pensei que nós, do Nordeste, é que tínhamos cara de brasileiro. Ainda acho!  E Demar, coitado, ficou no seu canto quieto, ouvindo eles falarem mal dos nordestino e, claro, metendo o pau no ex-presidente Lula e na Dilma, prá variar, até chegar em Las Vegas, mas, em lá chegando tomou todas e deu umas bananas para os catarinenses! Até parece que estava adivinhando.
Terminada a excussão pegou um voo para o tal Estado, pois afinal, ele tinha ido para um casamento e não para encher a cara nos Estados Unidos. No entanto, é claro que ia aproveitar o casamento para atolar o pé na jaca! Ledo engano...
Pois bem, para quem não sabe essa tal de religião mórmon não permite que se tome um golinho de álcool, sequer, e o coitado do Demar não sabia disso. Nem eu, claro, mas de qualquer modo corro às léguas dessas religiões, como o diabo da cruz! Voltemos à estória, que hoje estou tergiversando que só a gota!
Foram todos para o templo, para assistir o casamento, Demar no meio e, lá chegando foi logo querendo entrar, mas, de repente, dois guardas-costas que mais pareciam dois armários o barraram na porta, falando num inglês meio complicado, que Demar  mal conseguiu entender: Aqui só pode entrar quem é mórmon! E o coitado do Demar ficou do lado de fora, com alguns amigos comuns, debaixo de um sol infeliz, esperando o casamento terminar, com uma sede daquelas!
Antes que vocês, que me leem, pensem que nesse casamento não tinha água vou logo avisando que o que Demar queria era tomar uma cervejinha...
Acontece que naquele Estado ninguém toma bebidas alcoólicas pois a religião  não permite e o infeliz não sabia.  Não aguentando de sede foi para um supermercado que tinha na outra rua e lá chegando pegou uma cestinha e foi procurar as gôndolas de cerveja. E tome a procurar, e nada. Passou pelas comidas, material de limpeza e até pelas balas e armas. É isso mesmo, para quem não sabe, nos Estados Unidos, em alguns Estados, os supermercados vendem revólveres, carabinas e até rifles e para você comprar as balas é só encher a cestinha. Não tem problema. E tome Demar procurar as bebidas e nada. Até que cansou e foi até uma das caixas, perguntar onde ficavam as cervejas e os uísques!
Levou um chega prá lá, pois a “gringa” não estava para brincadeira! Demar não entendeu nada, largou a cestinha e voltou para o casamento. Lá chegando contou a um dos amigos comuns o que tinha ocorrido e foi então que ele lhe disse que naquele Estado não se vendia bebidas alcoólicas, porque a religião não permitia. Demar ficou tão triste que o amigo teve pena dele e disse que conhecia um boteco que vendia umas cervejinhas escondido. E foram para o tal boteco, que mais parecia uma “boca de fumo”. Lá chegando pediram duas cervejas, mas o dono pediu logo os passaportes dos dois. Ôxe! Agora danou-se! Disse Demar, já “puto” da vida: e desde quando a gente precisa de passaporte prá comprar uma porra de uma garrafa de cerveja!?  Mas não teve jeito, pois o dono do boteco só vendia as benditas cervejas mediante a apresentação dos passaportes!  
A partir daí Demar não quis mais conversa. Foi embora para o aeroporto, pegou um voo de volta para Maiami,  e lá chegando encheu a cara e ficou “prá lá de Bagdá” dando vivas ao Brasil, dizendo assim: “Viva o Brasil! Esse, sim, é um País porreta”! Lá a gente vai para um supermercado  e enche o carrinho de cerveja, não de armas. Pois é. Demar tem toda razão. Certamente ele nunca vai desistir do Brasil!
Um abraço a todos.


*PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife e atualmente exerce o cargo de Procurador Federal.

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