A nova onda de falta de controle nas redes sociais

O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, em vídeo divulgado no dia 7 deste mês para detalhar mudanças nas redes sociais - Reprodução/@zuck no Instagram

Ana Fontes

Folha de São Paulo

Em que momento da nossa história combater preconceitos passou a ser secundário?

Onde foi que nos perdemos? Quando pautas de direitos humanos se tornaram pautas político-partidárias? Em que momento da nossa história combater preconceitos, defender o clima, promover inclusão e diversidade passaram a ser secundários? Essas questões deveriam ser universais, abraçadas por todos que acreditam em um mundo melhor, onde cada pessoa tem acesso a direitos básicos como água potável, saúde, educação e alimentação. Em suma, o direito a uma vida digna.

Como chegamos a esse ponto de retrocesso? Um movimento preocupante nas grandes empresas já era visível desde o final de 2024, quando muitas encerraram áreas dedicadas à sustentabilidade e diversidade. Para quem já considerava isso um retrocesso grave, o cenário ganhou contornos ainda mais sombrios em janeiro deste ano, com o anúncio de Mark Zuckerberg.

O criador da Meta declarou que irá seguir os passos de Elon Musk, dono da plataforma X (antigo Twitter), em uma política que privilegia a "liberdade de expressão" —um alinhamento direto com o discurso do governo Trump, que reassume a presidência dos Estados Unidos neste mês. Este movimento que eu defino como meninos mimados liderando o mundo, é perigoso de infinitas formas.

Entre as medidas anunciadas, Zuckerberg decidiu encerrar os programas profissionais de checagem de fatos em suas plataformas, substituindo-os por um sistema de "colaboração da comunidade", o mesmo modelo usado por Musk. Segundo ele, a ideia é garantir a liberdade de expressão dos usuários.

Contudo, as consequências dessa decisão são previsíveis. Em suas próprias palavras, as instituições foram "castradas" e precisam de uma "energia mais masculina". Essa narrativa reflete o poder de homens que, embora privilegiados, ignoram responsabilidades sociais.

Os efeitos desse posicionamento são claros: meninas/mulheres e outros grupos minorizados que são alvos recorrentes de ataques online serão ainda mais vulneráveis. Com a falta de regulação e a permissão para conteúdo prejudicial, essas populações enfrentarão riscos crescentes para sua saúde física e mental. É um reflexo direto do aumento do efeito backlash —uma resposta coordenada e negativa contra avanços sociais, ou seja um retrocesso.

Em contraste, o governo brasileiro já se posicionou afirmando que tais mudanças violam a Constituição. Ainda assim, resta o desafio de pressionar grandes empresas para que reintegrem pautas sociais em suas estratégias corporativas. Essas questões são cruciais para garantir o bem-estar de meninas e mulheres no Brasil e no mundo.

O que precisamos é de um esforço coletivo para resistir a esse retrocesso e reafirmar a importância dos direitos básicos e da dignidade humana como pilares fundamentais da sociedade.

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