Incêndios na Amazônia clareiam até o céu noturno

Queimadas já aumentaram 83% neste ano na comparação com o mesmo período de 2018, de acordo com o Inpe

por Reuters

Amazônia é a maior floresta tropical do mundo
Ueslei Marcelino/ Reuters - 17.08.2019

Não há luzes à vista, mas o céu noturno tem um brilho amarelo tênue, porque a Amazônia está em chamas.

O cheiro é de churrasco, de brasas de madeira queimando. Durante o dia, o sol, normalmente tão intenso nestas partes, é ofuscado pela fumaça cinza densa.

Nos últimos sete dias, a Reuters percorreu diversas vezes um trecho de 30 quilômetros de Humaitá a Labrea, ao longo da Rodovia Transamazônica, e viu um incêndio abrir caminho pela floresta.

Inicialmente, na quarta-feira da semana passada, o incêndio arrasador estava a alguns metros da rodovia, e suas chamas amarelas devoravam árvores e iluminavam o céu. Ao chegar o final de semana, o incêndio havia recuado, mas ainda emitia um brilho laranja.

O incêndio é só um dos milhares que dizimam atualmente a Amazônia, a maior floresta tropical do mundo e um marco da defesa contra a mudança climática.

Os incêndios florestais já aumentaram 83% neste ano na comparação com o mesmo período de 2018, de acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

A agência governamental computou 72.843 incêndios, o número mais alto desde que os registros começaram, em 2013. Mais de 9.500 foram flagrados por satélites só no período transcorrido desde a quinta-feira passada.

Na quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro (PSL-RJ) enfureceu ambientalistas com alegações, sem provas, de que organizações não-governamentais estão por trás dos incêndios em reação a corte de financiamento.

A revolta global agitou as redes sociais, e a hashtag #PrayforAmazonas foi o principal tópico do mundo no Twitter na quarta-feira.

A Reuters observou colunas de fumaça emanando da floresta e chegando a dezenas de metros de altura durante uma viagem de final de semana ao sul do Amazonas e ao norte de Rondônia.

"Tudo que você vê é fumaça", disse Thiago Parintintin, de 22 anos, que mora em uma reserva indígena a pouca distância da Transamazônica, apontando para o horizonte.

Um caminhão amarelo com o logotipo dos bombeiros encarregados de combater incêndios florestais acabava de passar.

Parintintin culpa o desenvolvimento crescente da Amazônia pela chegada da agricultura e do desmatamento, que resultam na elevação das temperaturas durante a estação seca.

Do céu, os incêndios variam de pequenos focos a conflagrações maiores do que um campo de futebol. Às vezes, a fumaça é tão espessa que a própria floresta parece ter desaparecido.

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