A forma de comunicar más notícias ao paciente pode influenciar tratamento


Na medicina, é comum durante uma consulta ou um tratamento dar uma notícia que não é a que o paciente está esperando. Seja para falar de um diagnóstico, da necessidade de uma cirurgia, a forma ideal de se comunicar deve envolver sinceridade e empatia, humanizando a relação entre o profissional da saúde e o paciente.

Segundo a médica pediatra intensivista, especialista em cuidados paliativos e facilitadora do CSim, Sheyla Levy, o profissional deve estar disposto a construir uma relação em que o espaço de escuta seja valorizado e que o paciente e a família participem ativamente do processo, trazendo suas preferências, valores e crenças.

“Sem esse tipo de cuidado na hora da comunicação de más notícias ou sobre cuidados paliativos ao paciente, os danos podem ser irreversíveis, podendo acarretar má adesão ao tratamento, não compreensão do processo de doença, chegando até a situações de luto patológico”, explica a médica.

Para não chegar a essa situação e garantir a saúde do paciente, a especialista Sheyla Levy ressalta que a comunicação deve ser encarada pelos profissionais como um processo terapêutico como qualquer outro. “Eles devem receber treinamentos nas várias situações da prática clínica diária, serem treinados na leitura da linguagem corporal dos pacientes e familiares, além do reconhecimento de suas próprias expressões corporais, para que sejam capazes de controlá-las e criar um ambiente mais acolhedor para a comunicação”, detalha.

No Centro de Simulação (CSim), estudantes da Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS) estudantes e profissionais podem desenvolver esse processo de comunicação. Eles conseguem trabalhar os principais elementos de uma comunicação adequada através da linguagem verbal, com o reconhecimento de expressões que podem ser ditas e que devem ser evitadas.

“Para que essa capacitação aconteça de forma segura, sem dano ao indivíduo, nós construímos cenários com situações complexas, onde o estudante ou profissional pode treinar a habilidade de comunicação de uma notícia difícil de forma segura e controlada, pois a pessoa padronizada (ator treinado para atuar como paciente e/ou acompanhante) já está orientado para várias possibilidades que podem surgir com o desempenho da pessoa em treinamento”, explica a facilitadora. Após a atuação, ocorre o momento de debriefing, onde são pontuadas observações importantes para garantir o aprendizado.

Quando a situação do paciente envolve doenças paliativas, ou seja, que ameacem a vida, sejam incuráveis ou tem baixa possibilidade de cura, existem protocolos que tentam sistematizar os principais pontos de uma abordagem adequada. O profissional deve (1) buscar todas as informações sobre a doença e o paciente; (2) perceber em que fase do entendimento ele e a família se encontram; (3) convidá-los para o diálogo; (4) anunciar que a notícia não é boa; (5) validar as emoções, permitindo o silêncio; (6) e, finalmente, construir junto com eles as estratégias do tratamento, que devem ser moldados pelos valores do paciente ou da família. “E lembrar que todo esse processo deve ser cercado de empatia e uma escuta compassiva”, orienta a médica Sheyla Levy.

SOBRE O CSIM - O Centro de Simulação (CSim) da FPS é um centro de treinamento em que tem por missão oferecer treinamentos simulados de excelência e é o primeiro programa de simulação externo à Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, afiliado ao Centro de Simulação Realística (CSR) Albert Einstein, de São Paulo. O espaço de aproximadamente 1.000 m2 simula um hospital, com oito salas complexas de simulação que reproduzem um cenário de bloco cirúrgico, emergência e quartos de hospital, e todo aparato utilizado como medicamentos, materiais e equipamentos. Todo o treinamento é acompanhado por facilitadores especialistas no assunto, que guiam uma discussão pós cenário simulado (debriefing) sobre o desempenho durante o cenário e as habilidades, conhecimentos e atitudes que podem ser aprimoradas. O centro inova com simuladores de alta fidelidade, utilizando robôs que permitem que sejam treinadas as habilidades manuais do profissional em uma cirurgia, por exemplo, a interação e até reações fisiológicas, simulando pacientes adultos, gestantes e crianças.

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