Após nova decisão de Moraes, Daniel Silveira admite colocar tornozeleira

O deputado Daniel Silveira (União - RJ) Foto: Agência O Globo

Bruno Góes
Extra

BRASÍLIA — Após nova decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que determinou multa diária de R$ 15 mil pelo descumprimento da ordem de instalação da tornozeleira eletrônica, o deputado Daniel Silveira admitiu que usará o equipamento.

— Não vou aceitar. Vou colocar (a tornozeleira) por imposição de sequestro de bens — disse Silveira.

A decisão do magistrado também determina que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), "indique dia, horário e local para a efetivação do monitoramento eletrônico do réu” e adote as providências para garantir o pagamento de eventual multa, descontando o valor diretamente nos vencimentos do parlamentar.

Após sessão da Câmara desta terça-feira, o parlamentar decidiu ir para casa. Há dois dias ele usa as dependências da Casa para evitar o cumprimento da ordem da Justiça.

Perguntado por jornalistas se ainda permaneceria no Congresso, ele reconheceu que estava se encaminhando para sua residência.

— Não (vou ficar), vou para casa. Eu pagaria R$ 15 mil diário, ilegalmente? É claro que é (por causa da multa).

Réu em uma ação penal no Supremo, Silveira elevou nesta terça-feira a tensão entre Poderes e, mais cedo, dispensou autoridades notificadas pelo Poder Judiciário para cumprir a ordem.

Na Câmara, o parlamentar se recusou a colocar a tornozeleira, como ordenara o ministro Alexandre de Moraes, e se protegeu ao lado de aliados do presidente Jair Bolsonaro.

Na companhia do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que se tornou porta-voz do grupo, o parlamentar usou a estrutura da Câmara para estimular o embate entre as instituições.

Alexandre de Moraes, no último despacho desta quarta, classificou a decisão do parlamentar de "morar" na Câmara, como chegou a anunciar, de "estranha e esdrúxula".

"O réu utiliza-se da Câmara dos Deputados para esconder-se da Polícia e da Justiça, ofendendo a própria dignidade do Parlamento, ao tratá-lo como covil de réus foragidos da Justiça".

Moraes também diz que a medida é de "duvidosa inteligência", pois Silveira acabou limitando sua liberdade aos limites da Câmara.

"Não só estranha e esdrúxula situação, mas também de duvidosa inteligência a opção do réu, pois o mesmo terminou por cercear sua liberdade aos limites arquitetônicos da Câmara dos Deputados, situação muito mais drástica do que àquela prevista em decisão judicial", afirmou.

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