Alvo de ações na Justiça, Moro tem histórico de atuação em grandes casos, polêmicas e contradições

Senador e ex-juiz tem enfrentado questionamentos em relação ao mandato e acusações de violação de imparcialidade na Lava Jato

BRASÍLIA|Hellen Leite, do R7, em Brasília

Sergio Moro deve ser julgado pelo TSE

O senador Sergio Moro (União-PR) se livrou na última terça-feira (9) da cassação do mandato em julgamento no TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná). A decisão não é a final e pode ser revertida no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Os processos apontam que o ex-juiz cometeu abuso de poder econômico, utilização de caixa 2 e uso indevidamente dos meios de comunicação durante a pré-campanha eleitoral de 2022. As ações, movidas pelo PT e pelo PL, também pedem que o ex-magistrado fique inelegível por oito anos.

Moro ainda vai passar por julgamento no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) na próxima terça-feira (16), por suposta violação de imparcialidade nos julgamentos da operação Lava Jato.

Os processos judiciais envolvendo o senador ocorrem em meio a um movimento nos bastidores para isolar Moro dentro do União Brasil, partido pelo qual foi eleito para o Senado em 2022, com 1,9 milhões de votos.

Antes de chegar ao Legislativo, Moro fez fama como juiz na Lava Jato, que teve início em Curitiba em 2014. A reputação como magistrado foi construída sob o emblema do combate à corrupção, prendendo empresários e políticos, incluindo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atualmente principal adversário político do senador. Moro condenou Lula a 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex em Guarujá (SP).

Durante alguns anos, o ex-magistrado negou várias vezes ter interesse na política, alegando que não tinha vocação para cargos eleitorais. Mas acabou caindo em contradição em 2018, quando deixou a magistratura para integrar o governo do presidente Jair Bolsonaro como ministro da Justiça. Posteriormente, ele se lançou como pré-candidato à Presidência da República e depois concorreu ao Senado pelo estado do Paraná.

A passagem de Moro pelo governo Bolsonaro, entre 2019 e 2020, teve seus altos e baixos. Ele chegou ao governo sob a alcunha de “superministro” e em mais de uma ocasião foi cogitado pelo ex-presidente como possível indicado para uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal). Em uma entrevista, Bolsonaro disse que o então ministro da Justiça e Segurança Pública seria nomeado para a Corte na primeira oportunidade disponível.

Na época, a cadeira do ministro Celso de Mello estava prestes a ficar vaga. A promessa de Bolsonaro não se cumpriu, e o presidente acabou indicando Kassio Nunes Marques para a cadeira.

A relação entre Bolsonaro e Moro foi se desgastando ao longo dos meses após uma série de atropelos de Bolsonaro impostas à pasta da Justiça - desde a ordem de revogação de nomeações no ministério até a demissão de aliados de Moro no COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

Em abril de 2020, Moro deixou o governo de forma traumática, acusando o então presidente da República de interferir na Polícia Federal. “Percebendo que essa interferência política pode levar a relações impróprias do diretor-geral, de superintendentes com o presidente da República, é algo que eu não posso concordar”, afirmou o ministro na época.

Bolsonaro acusou Moro de ser uma pessoa “sem caráter” e de ter condicionado a troca do comando da PF à sua indicação ao STF. Moro negou que isso tenha acontecido.

Nesse meio tempo, o ministro do STF Edson Fachin anulou todas as condenações da Justiça Federal no Paraná relacionadas à Operação Lava Jato, que haviam sido julgadas por Moro. Essa decisão tornou Lula elegível novamente - o ex-presidente estava em liberdade desde 8 de novembro de 2019, quando o STF considerou ilegal a prisão em segunda instância.

Moro e Bolsonaro mantiveram distância entre 2020 e meados de 2022. Nesse meio tempo, o ex-juiz se filiou ao Podemos e depois ao União Brasil, chegando a ser anunciado como pré-candidato ao Planalto. Esse plano não se concretizou e ele se tornou candidato ao Senado. Foi só no segundo turno das eleições de 2022 que Moro e Bolsonaro voltaram a se aproximar.

No Senado, Moro adotou uma postura crítica em relação ao governo de Lula e tem sido um membro ativo do grupo que apoia ideologicamente o ex-presidente Jair Bolsonaro nas discussões no Congresso.

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