Entenda por que educação financeira é um bom investimento

Um estudo conduzido pelo Banco Central com o Banco Mundial analisou os efeitos de longo prazo desta prática com estudantes de escolas públicas brasileiras

Por Fabio Gallo
Estadão

Existe uma avaliação quase unânime de que proporcionar educação financeira para as pessoas traz bons resultados. Os argumentos para isso são vários.

Primeiro porque permite que as pessoas passem a tomar decisões mais conscientes porque estão mais bem informadas sobre produtos financeiros e passam a ter ciência de suas finanças pessoais.

Assim, tendo domínio sobre como poupar, gastar, investir, doar e gerenciar suas dívidas. As pessoas adquirem o hábito de planejar o seu futuro financeiro. Passam a estar mais preparadas para emergências e para sua aposentadoria.

No entanto, estabelecer a relação de causa e efeito entre educação financeira e os ganhos trazidos para as pessoas não é muito simples e exige pesquisas de longo prazo. De forma geral podemos encontrar pesquisas pontuais e de curta duração indicando que há sim, bons resultados em prover o conhecimento sobre finanças. Internacionalmente, podem ser encontrados estudos mais amplos e de longo prazo conduzidos por organizações de renome.

Mas, finalmente temos uma pesquisa de porte e que comprova os efeitos positivos da educação financeira em nosso país. O estudo científico conduzido pelo Banco Central, em parceria com o Banco Mundial, intitulado “O impacto de longo prazo da educação financeira no Ensino Médio: Evidências do Brasil”, pesquisou sobre os efeitos de longo prazo utilizando dados administrativos para seguir 16 mil estudantes por até nove anos, com base em um trabalho iniciado em 2010 e 2011, originalmente com um total de 25 mil alunos de 892 escolas públicas em seis estados brasileiros.

Os resultados obtidos pela pesquisa foram que o ensino médio é uma boa fase para o ensino de educação financeira, dada a exposição dos alunos ao sistema financeiro. O grupo pesquisado apresentou probabilidade 6% menor de uso de crédito rotativo ou parcelado com juros associados a cartões e 8% menor de uso de cheque especial, enquanto a de pagar empréstimos com atrasos ficou 5% abaixo.

Estudo conduzido pelo Banco Central com o Banco Mundial analisou os efeitos de longo prazo desta prática com 16 mil estudantes de 892 escolas públicas brasileiras 
 Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

O estudo mostrou aumento do empreendedorismo. Maior intenção de poupar, administrar dinheiro e lançar mão de orçamentos. No entanto, o estudo trouxe uma surpresa, os alunos alvo do curso incialmente fizeram uso maior de crédito caro, como de cartões de crédito, possibilitando atrasos nos pagamentos. A estimativa para esse acontecimento é que os estudantes foram informados sobre esses produtos, mas não foram desencorajados de seu uso, com o passar do tempo essa tendência foi revertida, o que mostrou que os alunos aprenderam com seus próprios erros e passaram a procurar modalidades com taxas menores.

Esse e outros estudos podem ser base de políticas públicas que possibilitem as pessoas a administrarem melhor o seu dinheiro e obtenham maior grau de bem-estar.

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