Lula desiste de Maduro em posse; cerimônia terá recorde de líderes mundiais

COLUNISTA DO UOL

Lula desistiu de ter Maduro em sua posse, em Brasília
Imagem: Reprodução

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, não estará presente quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumir a Presidência do Brasil, em 1º de janeiro de 2023. O venezuelano já foi informado e, segundo fontes no Itamaraty, entendeu a situação vivida pelo petista. Mesmo assim, a posse do novo presidente brasileiro terá uma presença recorde de líderes estrangeiros, com cerca de 30 personalidades já confirmadas.

O objetivo de Lula era de garantir que toda a América do Sul estivesse em sua posse, um simbólico retorno do protagonismo brasileiro na região. Até a noite de ontem, praticamente todos os presidentes dos países vizinhos tinham confirmado presença. O Peru, que vive uma crise institucional, não sinalizou ainda como estaria representado.

O que está por trás da ausência de Maduro
  • No caso da Venezuela, o obstáculo é uma decisão tomada por Jair Bolsonaro de impedir que Nicolás Maduro e seus assessores pisem em território brasileiro. Com isso, a equipe que tradicionalmente viaja ao país antes da chegada do presidente não pode fazer o trajeto e nem preparar a viagem.
  • Para que Maduro estivesse em 1º de janeiro em Brasília, uma nova decisão teria de ser emitida pelo Palácio do Planalto naquele mesmo dia, o que inviabilizaria a operação.
  • A equipe de transição tentou negociar com o governo Bolsonaro uma modificação da decisão. Mas o pedido foi negado.
Como Maduro reagiu? Segundo fontes diplomáticas, Maduro demonstrou que entendia a situação. Em Caracas, a expectativa é de que a chegada de Lula restabeleça a relação institucional e que as embaixadas e consulados brasileiros em território venezuelano sejam reabertos.

Em seu documento publicado na quinta-feira, a equipe de transição do governo Lula criticou o isolamento estabelecido por Bolsonaro contra Maduro.

Ao adotar uma vertente ideológica para o debate regional e tentar isolar o governo venezuelano, Bolsonaro teria transformado a América do Sul em um campo de enfrentamento entre potências, cada qual buscando sua hegemonia na região.

"Ao apostar no isolamento da Venezuela, o Brasil cometeu erro estratégico de transformar a América do Sul em palco da disputa geopolítica entre EUA, Rússia e China. De catalisador de processos de integração, o país passou a ser fator de instabilidade regional", constatou.

Presença estrangeira quer blindar a posse. Apesar da incapacidade de voltar a reunir toda a América do Sul, a posse de Lula entrará para a história democrática do país como a cerimônia com o maior número de líderes estrangeiros. Segundo pessoas que trabalham na operação protocolar, cerca de 30 presidentes e chefes de governo já confirmaram presença, além de ministros e enviados especiais.

O número, mesmo se não crescer mais, representará uma presença três vezes maior que a participação de líderes estrangeiros na posse de Jair Bolsonaro. Naquele momento, expoentes da extrema direita, como o húngaro Viktor Orban, estiveram presentes.

Desta vez, a presença estrangeira tem como meta blindar a posse, sinalizar o reconhecimento internacional do processo eleitoral brasileiro e mandar um recado de condenação a qualquer tentativa de ruptura institucional no país.

Da Europa já estão confirmados o rei da Espanha e os presidentes de Portugal e da Alemanha, cada qual com uma delegação importante de ministros.

No caso dos EUA, a Casa Branca designou a secretária do Departamento de Interiores dos Estados Unidos, Deb Haaland, como chefe da missão. No ano passado, a reportagem do UOL pode entrar numa reunião promovida por Haaland com representantes indígenas brasileiras, entre elas Sônia Guajajara. Naquele momento, a americana coletava informações sobre os ataques contra os povos tradicionais brasileiros por parte de Jair Bolsonaro.

O grupo ainda conta com o encarregado de Negócios da embaixada americana em Brasília, Douglas Koneff e o assistente especial do presidente americano de e diretor sênior dos Assuntos do Hemisfério Ocidental, do Conselho de Segurança Nacional. Joe Biden, porém, não estará presente.

A equipe de protocolo do Itamaraty indicou que, nos próximos dias, novos nomes devem ser confirmados. A presença estrangeira ainda conta com líderes africanos, asiáticos e do Oriente Médio.

Jamil Chade/Colunista do UOL

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