"Mercado está sofrendo por antecipação", diz Edinho Silva (PT)

De acordo com Edinho, racionalmente, não há nada de novo em se mensurar deficit para pagar contas empenhadas e impedir descontinuidade de programas e projetos existentes

CB Correio Braziliense

(crédito: Flickr/Divulgação)

Um dos coordenadores de campanha do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), enfatizou o compromisso do futuro chefe do Executivo com a responsabilidade fiscal. Ele se manifestou após a forte reação do mercado às declarações de Lula de que "a tal estabilidade fiscal" não pode ser prioridade ante os problemas sociais.

Em artigo divulgado ontem, Edinho disse que "o mercado de capitais está sofrendo por antecipação com aquilo que não existe". "Não há a menor possibilidade da existência da 'perda das rédeas' dos gastos públicos em um governo liderado pelo presidente Lula. Essa possibilidade é zero", assegurou. "Governar com responsabilidade está na essência das posições de Lula, e ele já demonstrou isso quando foi governo."

Segundo Edinho, "o centro dos questionamentos, o mercado já precificou, e já tem tempo: o deficit da gastança desenfreada do governo Bolsonaro para ganhar as eleições". "Os primeiros dados, conta simples e rasa, apontam para mais R$ 100 bilhões só em despesas realizadas e anunciadas, empenhadas, pelo atual governo. O problema está na transição de governo? Portanto, não", frisou.

Edinho questionou o que o mercado esperava da transição de governo. "Qual a expectativa? Maquiagem do deficit? Que se omitisse o rombo nas contas públicas? Aí, sim, mora o problema real na construção de uma política fiscal previsível. Aí, sim, teríamos a quebra da relação de confiança com a sociedade e com os investidores. Aí, sim, estaríamos no caminho para a instabilidade econômica", disse.

De acordo com ele, racionalmente, não há nada de novo em se mensurar deficit para pagar contas empenhadas e impedir descontinuidade de programas e projetos existentes. "Assim como não tem nada de novo na política fiscal. O Estado ter capacidade para investir e para aquecer a economia, irrigando setores econômicos que têm capilaridade para dar sustentabilidade ao crescimento de forma mais rápida."

O político petista insistiu na tecla de que o governo Bolsonaro vai deixar um rombo nas contas públicas. "Estabelecer um deficit, calculado, administrável, em um momento difícil da vida brasileira, de transição de governos — inclusive deficit majoritariamente gerado pelo atual governo, na maior operação institucional de 'compra de votos' em um processo eleitoral existente na história da nossa República —, é agir de forma transparente. É deixar claro para a sociedade e para os agentes econômicos qual caminho será trilhado para o crescimento econômico sustentável", comentou.

O prefeito petista sustentou não haver fator de instabilidade e que o novo governo é de composição. "Não haverá sobressaltos na política e tampouco na economia. As decisões serão construídas com diálogo, como bem disse o presidente Lula", relembrou. "O mantra de Lula tem sido: credibilidade, estabilidade e previsibilidade. Não há melhor ambiente para os investidores do que esse. O que é necessário é que uma parcela do país desça do palanque. A eleição acabou. Agora é momento de 'baixar a temperatura'."

"Sensibilidade"

Outro que saiu em defesa de Lula foi o senador eleito Wellington Dias (PT-PI), responsável pelas discussões sobre orçamento na equipe de transição.

"Lula já provou compromisso com responsabilidade fiscal, mas não abre mão do social, isso ele fala abertamente, doa a quem doer", enfatizou.

Ele também afirmou que o Congresso demonstra "grande sensibilidade" com a aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) e destacou que excepcionalizar o Bolsa Família do teto de gastos abriria espaço no Orçamento para investimentos em educação, ciência e tecnologia e defesa.

"Tem de ter dinheiro para investimento. O Orçamento de 2023 para as universidades está rebaixado. A merenda escolar se trata de preocupação nutricional, com crianças em idade que precisam de boa alimentação nutricional. Você sai atrás de um medicamento e não tem dinheiro para comprar o medicamento. É preciso colocar aquilo que é essencial para o povo no Orçamento", argumentou.

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