Em 90 dias, vacina contra a Covid-19 salvou 43 mil idosos com mais de 70 anos no Brasil

João Oliveira, 71 anos, se vacinou no posto de Caxias (RJ) Foto: Maria Isabel Oliveira

Rafael Garcia
Extra

Em um período de 90 dias, as vacinas contra Covid-19 salvaram a vida de 43 mil idosos com mais de 70 anos no Brasil, indica um novo estudo. O trabalho, liderado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) em parceria com a Universidade Harvard, de Massachusetts (EUA), sugere que os imunizantes usados no país fizeram uma diferença crucial nesse subgrupo da população, mesmo sob avanço da variante gama do coronavírus.

Os resultados do trabalho ainda não passaram por revisão independente, e devem ser antes submetidos ao portal de estudos abertos MedRxiv. Após analisar 235 mil óbitos no país, a mortalidade por Covid-19 caiu de 28% para 16% no grupo de idosos de 70 a 79 anos, e caiu de 28% para 12% no grupo acima de 80 anos.

O estudo foi liderado pelo epidemiologista César Victora, da UFPel, e teve participação da demógrafa Márcia Castro, de Harvard. A cientista teve papel importante no estudo em dimensionar as populações analisadas, porque a Covid-19 teve grande impacto na estrutura populacional em 2020, e alterou as projeções do IBGE para o ano, prejudicadas pelo atraso do Censo.

O período analisado pelos pesquisadores cobriu as semanas entre os dias 3 de janeiro e 27 de maio. O cálculo feito levou em conta a mortalidade de pessoas nessa faixa etária por Covid-19 comparada com a mortalidade por outras causas, que permaneceu em nível estável no mesmo intervalo.

Segundo os cientistas, o número total de vidas salvas no Brasil pela vacina de Covid-19 é maior do que os 43 mil apontados na pesquisa, porque não foi possível cobrir no estudo trabalhadores da saúde, indígenas e outros grupos que atingiram grande cobertura vacinal mais cedo.

Esse foi o primeiro estudo de sobre imunizantes de Covid-19 usados no Brasil que incluiu uma grande população de idosos para avaliar a "efetividade", ou seja, a eficácia desses produtos fora do ambiente utracontrolado dos testes clínicos.

— O Brasil já tinha dois estudos desse tipo feitos com profissionais de saúde em que receberam CoronaVac em janeiro e início de fevereiro em São Paulo e em Manaus, e ambos mostravam que a vacina funcionava bem — conta Victora, que diz ter abordado a questão dos idosos para cobrir uma lacuna

— A efetividade nesse grupo era uma questão ainda difícil de responder, porque o estudo clínico de eficácia incluiu poucos idosos. Mas a gente mostra que a vacina é eficaz para idosos, é eficaz em condições da vida real e é eficaz contra a nova variante — completa o cientista.

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