Morre o ator José Pimentel, conhecido por interpretar Jesus por 40 anos

Conhecido por interpretar Jesus na Paixão de Cristo de Nova Jerusalém e do Recife, Pimentel estava internado desde o dia 9 de agosto na capital pernambucana.

Por G1 PE

Diretor e produtor do espetáculo, José Pimentel, durante a encenação na qual interpretou 
Jesus Cristo desde a estreia da montagem, em 1997, até 2017 
(Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press)

Morreu nesta terça-feira (14) o ator, escritor e diretor de teatro José Pimentel, de 84 anos. Ele estava internado no Hospital Esperança, na área central do Recife, desde quinta-feira (9), por causa de um enfisema pulmonar. O artista é conhecido por interpretar Jesus nos espetáculos da Paixão de Cristo do Recife e de Nova Jerusalém, no interior de Pernambuco.

Em outubro de 2017, Pimentel foi incluído na lista dos Patrimônios Vivos de Pernambuco, justamente por interpretar Jesus na Paixão de Cristo por mais de 40 anos. Em 2018, foi a primeira vez que o ator não interpretou o papel na capital pernambucana, apesar de terparticipado da produção.

A filha do ator, Lilian Pimentel contou, na quinta-feira (9), que ele foi levado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por causa das dificuldades respiratórias. No sábado (11), o estado era estável, mas o paciente teve que se submeter a sessões de hemodiálise.

O ator passou a respirar com a ajuda de aparelhos e a pressão baixou muito, segundo Lilian Pimentel. Os médicos chegaram a mudar os antibióticos para tentar reverter o quadro clínico e precisaram suspender a hemodiálise. Ele faleceu por volta das 9h30 desta terça-feira, segundo a família.

José Pimentel como Jesus na Paixão de Cristo do Recife, em foto de 2016 
(Foto: Lú Streithorst/Divulgação)

História

Pimentel nasceu em Garanhuns, no Agreste de Pernambuco. Escritor, também atuou como professor de teatro na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Durante 21 anos, ele comandou a direção e atuou na Paixão de Cristo do Recife. Em 2018, ele não representou Jesus, pela primeira vez.

O ator é um dos fundadores do espetáculo de Nova Jerusalém em Fazenda Nova, no município de Brejo da Madre de Deus, há 52 anos. Em 2018, Pimentel ganhou o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco.

Os parentes contam que tudo começou quando, a partir da sugestão de um amigo, Pimentel foi incentivado, devido ao seu porte físico atlético, a representar um soldado romano no espetáculo Paixão de Cristo de Nova Jerusalém.

Em 2016, Paixão de Cristo do Recife chegou à sua 20ª edição consecutiva 
com Pimentel no papel de Jesus (Foto: Wellington Dantas/Divulgação)

Anos depois, passou a ajudar o gaúcho Plínio Pacheco, idealizador e construtor da cidade-teatro de Nova Jerusalém, assumindo, junto com outros, a iluminação e a sonorização do espetáculo. Concebeu o sistema de dublagem feito com a gravação da fala dos atores permeado com a trilha sonora do espetáculo.

Entre 1968 e 1977, Pimentel interpretou Pilatos e dois demônios. Em 1969 substituiu Clênio Wanderley na direção do espetáculo. Em 1978 começou a atuar no papel de Jesus, substituindo o ator Carlos Reis, e continuou até 1996, afastando-se, então, da atuação e da direção, quando os outros responsáveis decidiram utilizar atores da TV Globo como elenco principal no lugar dos atores locais.

Desde então, Pimentel passou a comandar a Paixão de Cristo do Recife, interpretando o papel de Jesus Cristo até 2017. Em 2018, o espetáculo chegou a ser cancelado, mas o ator e diretor afirmou que o realizaria mesmo com todas as dificuldades financeiras.

Além da relação próxima com a Paixão de Cristo, Pimentel foi um dos primeiros atores de novela do estado, fez cinema e apresentou programas de televisão durante o regime militar. Ele também criou e dirigiu espetáculos ao ar livre sobre personagens marcantes da história de Pernambuco, como "A Batalha dos Guararapes", sobre a luta para acabar com o domínio holandês no estado, e "O Calvário de Frei Caneca".

A história da vida do ator e diretor foi transformada em livro. "José Pimentel - Para Além das Paixões", do jornalista pernambucano Cleodon Coelho, foi lançado em janeiro deste ano.

Repercussão

Em nota, o prefeito do Recife, Geraldo Julio, lamentou o falecimento. "Um homem cuja história de vida se confunde com a história da dramaturgia pernambucana, principalmente nos espetáculos da Paixão de Cristo do Recife e de Nova Jerusalém. Deixo aqui registradas minhas condolências aos familiares e amigos", disse.

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