Saúde da mulher e mortalidade materna ainda são desafios urgentes no Brasil

A última semana de maio marca duas datas que se entrelaçam em um chamado à ação por justiça e dignidade: o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de Luta pela Redução da Mortalidade Materna, ambos celebrados em 28 de maio. Apesar de décadas de mobilização, os desafios continuam enormes — especialmente para mulheres negras, pobres e periféricas, que seguem sendo as maiores vítimas das desigualdades no acesso e na qualidade do atendimento à saúde.

De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, em 2022, a taxa de mortalidade materna entre mulheres pretas no Brasil chegou a 110,6 óbitos a cada 100 mil nascidos vivos — mais que o dobro da média nacional, que ficou em 57,7. A cor da pele, infelizmente, ainda é determinante na garantia (ou na negação) do direito de gestar e parir com segurança.

Mortes evitáveis, vidas interrompidas

As causas da mortalidade materna são, em grande parte, preveníveis. Hemorragias, infecções, hipertensão e complicações durante o parto seguem liderando os registros de mortes. No entanto, o que pesa mesmo é a ausência de um cuidado integral e qualificado, especialmente nas regiões mais pobres do país.

Além dos fatores clínicos, o racismo estrutural, a negligência institucional e as barreiras sociais e econômicas tornam o acesso ao pré-natal, ao parto humanizado e ao acompanhamento no pós-parto mais difícil para muitas brasileiras.

Políticas públicas e metas para 2030

Diante desse cenário, o Brasil se comprometeu com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que preveem a redução da mortalidade materna para menos de 70 mortes por 100 mil nascidos vivos até 2030. Em nível nacional, o Ministério da Saúde já lançou um plano para alcançar uma meta ainda mais ousada: menos de 30 mortes por 100 mil nascidos vivos até 2030.

Esse plano prevê ações como:

  • Ampliação do pré-natal de qualidade;

  • Capacitação de equipes de saúde da família;

  • Fortalecimento da Rede Cegonha e da atenção obstétrica;

  • Monitoramento dos casos e das causas de morte;

  • Enfrentamento direto do racismo institucional no SUS.

Saúde da mulher: um direito, não um privilégio

Celebrar o 28 de maio não é apenas lembrar, mas cobrar. Saúde da mulher não se resume a exames ginecológicos. É garantir que meninas e mulheres tenham:

  • acesso à educação sexual e reprodutiva;

  • informação segura sobre seus direitos;

  • atendimento humanizado e livre de preconceitos;

  • proteção social durante a gestação, o parto e o puerpério.

Um chamado à sociedade

Organizações da sociedade civil, profissionais da saúde, movimentos feministas e antirracistas reforçam: é preciso agir coletivamente para mudar essa realidade. A mortalidade materna não é apenas uma tragédia familiar — é um indicador cruel de desigualdade social.

Nesta última semana de maio, fica o alerta: enquanto uma mulher morrer por causas evitáveis ligadas à gestação, nenhuma sociedade poderá se considerar verdadeiramente justa.

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