"SER NEGRO INTERFERE NA VIDA", por Marcionila Teixeira
Foto: Julio Jacobina/DP Maria Bernadete tinha 10 anos quando começou a notar algo errado na escola onde estudava, no município de Água Preta, na Mata Sul pernambucana. Apesar de tirar as maiores notas da turma, sempre era excluída pelas professoras na hora de carregar a bandeira no Sete de Setembro ou de representar o papel de protagonista nas peças teatrais. A menina, ansiosa por assumir um papel de destaque na escola, percebeu aos poucos os motivos das negativas. As crianças escolhidas eram sempre brancas, com cabelos lisos. Não era seu caso. Mulher, negra, cabelo crespo, Bernadete cresceu. Neste mês, recebeu a Medalha do Mérito Heroínas de Tejucupapo, entregue pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE). Aos 65 anos, está mais feliz e realizada que aos dez anos, quando era a melhor da turma. Há 13 anos, a procuradora de Justiça do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) Maria Bernadete Martins de Azevedo Figueiroa ajuda a formar pessoas no enfrentamento do racismo. Bernadet