Comparecimento de Flávio Bolsonaro ao MP sobre caso Coaf é incerto

Promotoria convidou parlamentar a depor, mas, por prerrogativa do cargo público que ocupa, ele pode escolher dia, hora e local

Constança Rezende/RIO
Do Estadão

Flavio Bolsonaro. Foto: Sergio Moraes/Reuters

Nem o Ministério Público do Estado do Rio nem a assessoria do senador eleito pelo Rio Flávio Bolsonaro (PSL) confirmam se o filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL) prestará depoimento na próxima quinta-feira, 10, sobre a movimentação financeira atípica do ex-assessor de Flavio na Assembleia Legislativa do Rio, Fabrício Queiroz. O MP do Rio convidou o ainda parlamentar para comparecer ao órgão, mas por prerrogativa do cargo público que ocupa pode escolher dia, hora e local para depor.

Um mês atrás, reportagem do Estado revelou que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) tinha detectado movimentação de mais de R$ 1,2 milhão em uma conta de Queiroz, entre um de janeiro de 2016 e 31 de janeiro de 2017. Até esta segunda-feira, 7, não houve, na investigação aberta pelo MP fluminense, depoimentos relevantes para esclarecer o caso do ex-assessor. Flávio, Queiroz e seus parentes, que também foram da assessoria do parlamentar, ainda não depuseram.

O Coaf também descobriu que o assessor de Flavio repassou R$ 24 mil à então futura primeira-dama Michele Bolsonaro. O presidente afirmou que o dinheiro era pagamento de uma dívida de Queiroz com ele.

Queiroz não foi o único assessor da Alerj a apresentar movimentação considerada incompatível com sua renda. Outros auxiliares de 22 deputados estaduais do Rio também são investigados. O relatório foi produzido na Operação Furna da Onça, que investiga corrupção no Legislativo fluminense.

Procurado nesta segunda-feira, 7, o MPRJ não confirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, se Flávio comparecerá . A assessoria do senador eleito disse que ele não vai responder para a imprensa se ele irá ou não. Em nota enviada por seu gabinete na Assembleia Legislativa em 11 dezembro, Flávio havia informado que o deputado “seguia à disposição para prestar esclarecimentos às autoridades, se instado for, no citado assunto”.

Para esta terça-feira, 8, estão previstos os depoimentos das filhas (Nathalia e Evelyn Melo) e da mulher (Márcia Oliveira Aquiar) do ex-assessor de Flávio, As três já foram lotadas nos gabinetes de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Nathalia, que é personal trainer, também já foi da assessoria do presidente Jair Bolsonaro (que era deputado federal) na Câmara dos Deputados, onde estava até o mês de novembro.

Nathalia é citada em dois trechos do relatório do Coaf. O documento não deixa claros os valores individuais das transferências entre ela e seu pai, mas junto ao nome de Nathalia está o valor total de R$ 84 mil. A filha do PM foi nomeada em dezembro de 2016 para trabalhar como secretária parlamentar no gabinete de Bolsonaro na Câmara.

Em 15 de outubro deste ano, ela foi exonerada. Na mesma data, seu pai deixou o gabinete de Flávio, na Alerj. Nathalia recebeu em setembro, pelo gabinete de Jair Bolsonaro, salário de R$ 10.088,42.

Queiroz foi chamado para depor duas vezes no Ministério Público do Rio, mas faltou, alegando problemas de saúde. Em entrevista ao SBT, Queiroz justificou que “fazia dinheiro” com a compra e revenda de carros. O advogado do ex-assessor de Flávio, Paulo Klein, disse que irá juntar os documentos que comprovam as suas argumentações na investigação do MP, “campo adequado para apuração dos fatos”.

“Assim que o Fabrício for liberado pelos médicos, vou me reunir com ele e bater ponto a ponto as questões e ver a documentação relacionada. Por ora o foco total é na saúde dele e na recuperação”, disse o advogado ao Estado.

Queiroz deverá se submeter a cirurgia para tratamento de um câncer, segundo sua defesa. O Estado não conseguiu contato com a mulher e as filhas do ex-assessor.

Questionado sobre o andamento da investigação, o Ministério Público do Rio apenas respondeu “que as diligências relativas aos dados enviados pelo Coaf estão ocorrendo regularmente”. O relatório mapeou, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), as movimentações financeiras dos servidores da Alerj.

A Operação Furna da Onça, que levou à prisão 10 deputados estaduais do Rio, foi desencadeada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. O caso das movimentações financeiras dos assessores, porém, é da alçada do Ministério Público fluminense, por em tese poder envolver investigações de deputados estaduais.

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