Por que Haddad venceu Bolsonaro no NE, mas não em todas as capitais?


Por Amanda Miranda, do Blog de Jamildo, e Renata Monteiro, do Jornal do Commercio
Segunda maior região do País, com 39 milhões de eleitores, o Nordeste foi decisivo para a definição de segundo turno na eleição presidencial deste ano. No dia 7 de outubro, Jair Bolsonaro, candidato do PSL ao Palácio do Planalto, venceu o pleito em praticamente todos os Estados do Sul, Norte, Sudeste e Centro-Oeste. Dos nove estados nordestinos, porém, o militar da reserva perdeu para Fernando Haddad (PT) em oito. No Ceará, Bolsonaro ficou em terceiro lugar, atrás de Ciro Gomes (PDT) e do próprio Haddad.

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Os resultados foram tão expressivos que o presidenciável afirmou ao SBT, ontem, que pretende intensificar sua campanha na área. “Se (o médico) me liberar, vou viajar de avião. Viajarei, sim, ao Nordeste, mas não poderei me expor da maneira como vinha me expondo”, disse.

Apesar do desempenho positivo no panorama geral dos estados do Nordeste, Fernando Haddad não mostra a mesma performance em grandes colégios eleitorais. Quando observamos as capitais nordestinas, por exemplo, o petista perde para Bolsonaro em cinco cidades: Aracaju, Natal, Recife, João Pessoa e Maceió.


“Eu diria que esse fenômeno é motivado por dois fatores, o fato de que as grandes cidades têm uma maior conexão com as redes sociais e que as cidades menores, onde o Haddad conquistou suas maiores vitórias, a televisão talvez seja mais importante. Como Bolsonaro tinha pouco tempo de televisão e a campanha dele ocorria muito nas redes sociais, o alcance da sua campanha depende muito de quem tem renda e internet em casa ou no celular. Nas grandes cidades, as redes sociais têm um peso maior e mais pessoas independentes em relação aos programas do governo”, pontuou o cientista político Ricardo Ismael, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).


A cientista política Priscila Lapa, professora da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (Facho), explica que a “fidelidade” dos nordestinos do interior com o PT se justifica pelo fato de que a população desta área foi beneficiada diretamente por obras estruturadoras iniciadas nos governos do partido.

“O nordestino é muito mais sensível a questões econômicas do que a questões moralizantes, então isso pode mostrar uma sinalização para que o candidato Haddad se comunique de forma mais efetiva com esse eleitor e ele consiga enxergar nele a possibilidade de um retorno a um momento de bonança que ele viveu recentemente. O Nordeste possivelmente continuará a ser um reduto de maior resistência à penetração de Bolsonaro”, avaliou.


Para ela, o principal assunto discutido por Bolsonaro também leva ao resultado nas maiores cidades. “Nas capitais há a temática da violência. Os grandes centros urbanos do Nordeste sentem tanto quanto os estados do Sul e Sudeste os efeitos da violência urbana, da falta de controle sobre a segurança”.

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