Afastar Dilma abre gravíssimo precedente, avalia Armando Monteiro

“Onde identificar o pressuposto jurídico que exige vinculação da presidenta a esses atos, que exige crime de responsabilidade ou ação conta a Constituição?”, questionou


Foto:Beto Barata/Agência Senado

por Agência PT

“Afastar uma presidenta da República é um fato que se constitui num gravíssimo precedente. Estaremos introduzindo uma ruptura na ordem institucional do país.”

A frase é do senador Armando Monteiro (PTB-PE), que deixou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior para votar na sessão no Senado que analisa o golpe contra a presidenta, Dilma Rousseff, travestido de processo de impeachment. Ele disse que fez questão de reassumir o mandato de senador para votar contra o golpe, porque estava no governo e quis defendê-lo.

O senador avaliou o atual processo como um procedimento sem base legal. “Claro está que se utiliza o argumento jurídico, mas até agora o que se promoveu foi um julgamento eminentemente político”, afirmou. Isso porque, sendo um minsitro da área econômica, Monteiro destacou que a condução do governo sempre foi feita mantendo a responsabilidade com os impactos fiscais que as medidas tomadas poderiam trazer.

Monteiro citou as políticas de exportação, os acordos de nova geração, os investimentos negociados, os serviços projetados e “a convergência regulatória com foco em mercados importantes como EUA e países da bacia do Pacífico, como México, Chile, Colômbia e Peru”, para justificar que o trabalho na condução da economia foi orientado pela busca do melhor para o Brasil. “A presidenta Dilma sempre se inclinou por uma posição que, ainda que pudesse desagradar alguns setores, representava a medida de maior responsabilidade fiscal”, afirmou.

O senador também apontou o Congresso Nacional como um fator de instabilidade política e econômica dos últimos meses, já que trabalhou para aprovar pautas-bomba que ampliavam os gastos públicos em meio a um ajuste fiscal necessário.

“A responsabilidade fiscal tem que ser presente no Congresso Nacional”, disse. “E o Congresso, ainda que tenha a preocupação com o corte de gastos, em alguns momentos, como decorrência desse processo de disputa política, teve posições que não se conformam a esse imperativo de responsabilidade fiscal”, completou, citando como exemplo o reajuste do Judiciário, que impactaria em R$ 25 bilhões em quatro anos se Dilma não tivesse vetado a proposta.

“Ao perceber nos discursos uma seríssima preocupação com a questão fiscal, o que registramos é que em muitos momentos a postura do Congresso Nacional não se conformou com as posições trazidas hoje no debate do impeachment da presidenta Dilma”, afirmou.

Na avaliação de Armando Monteiro, “o que se está promovendo é um voto de desconfiança, algo próprio do sistema parlamentarista e não do sistema presidencialista” e um impeachment sem base jurídica. “Onde identificar o pressuposto jurídico que exige a vinculação da presidenta da República a esses atos, que exige o crime de responsabilidade ou ação que possa ter atentado à Constituição?”, questionou.

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