VENTOS DE AGOSTO

Dr. Paulo Lima*
Disse o cronista Joca Souza Leão, certa feita, num de seus artigos, que o cronista não precisa de um tema específico para escrever um artigo. Basta ver uma folha seca caindo de uma árvore que isto já é mais que suficiente para que o mesmo corra para uma máquina de escrever, ou melhor, para um computador, já que máquina de escrever é instrumento do século passado e não se usa mais em nossos dias e comece a rabiscar linhas, mal ou bem traçadas. Eu, graças a Deus, sou do tempo da máquina de escrever e não tenho nenhuma vergonha em admitir este fato. E por falar em folhas secas, lembrei de uma linda canção, "Folhas Secas", do grande NELSON CAVAQUINHO, uma bela homenagem à sua escola, Mangueira, que começa assim: "Quando piso em folhas secas, caídas de uma mangueira, penso na minha escola e nos poetas da minha estação primeira, Não sei quantas vezes, subi o morro cantando, sempre o sol me queimando, E assim vou me acabando"... Em verdade, mais que uma homenagem à sua escola de samba preferida, creio que o poeta, em verdade, estava a se lamentar em razão da chegada da velhice. Se algum de vocês, que gostam de ler o que escrevo quiserem saber o porque, ouçam o resto da canção, vale à pena. Mas voltemos ao tema proposto.

Hoje de manhã, ao caminhar distraído no calçadão da Avenida Beira Mar, aqui nas "Olindas", fui surpreendido com uma rajada de água salgada que molhou o meu rosto e parte do meu corpo e, de repente, vi o quanto o mar estava agitado, com fortes ondas batendo nas pedras colocadas para proteger a avenida contra o avanço do mar e lembrei que já estamos no mês de agosto, mês dos ventos fortes, das fortes ondas e das ressacas marinhas. E por falar nisso, já imaginaram se inventassem um remédio para curar ressacas? Certamente o inventou ganharia o prêmio Nobel de Medicina! Hoje estou tergiversando mais que o normal...

Agosto, para muitos, é um mês que não desejariam que estivesse no nosso calendário, já que, segundo se fala, não trás bons fluidos, e, para justificar começam a relembrar tragédias ocorridas no referido mês, como a morte de Getúlio, a renúncia de Jânio, as mortes de Arraes e seu neto Eduardo Campos, isto apenas no campo político. A propósito, aproveito para reforçar essa crença e lembro a prisão de JOSÉ DIRCEU, esta semana, e a volta dos "nossos" Deputados do recesso branco, à frente a figura nefasta do EDUARDO CUNHA - que também deveria estar preso, mas não está - e que promete, agora em agosto, acabar com a raça da Presidente DILMA ROUSSEF...

No meu caso, como não sou supersticioso, olhei para a imensidão daquele mar azul e dei graças a Deus por estar iniciando mais um dia da minha vida, podendo caminhar tranquilo à beira mar, olhando o brilho cristalino das ondas ofuscando os meus olhos. Realmente não tenho do que reclamar, pois, quando não estou cá, caminhando rente ao mar, estou aí, na minha terrinha, no alto da Serra da Taquara, olhando a imensidão dos campos da minha Vertentes, ainda verdes, por força da temporada das chuvas, que ainda não findou, e sentindo os ventos de agosto, acompanhados de uma fria neblina a bater no meu rosto e, de repetente começo a cantarolar aquela bela canção, de Nelson Cavaquinho, dando graças a Deus por também pisar em folhas secas caídas do pé de mulungu, vizinho à casa onde me escondo e, claro, por estar vivo, "vivinho da silva"...

Um abraço a todos.

*PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, ex-Procurador Federal e atualmente exerce a advocacia.

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