O poder da língua, por Dário Gomes*

A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto. Provérbios 18:21.

Hoje faz 9 anos que ela nos deixou, Severina é seu nome, mãe de três filhos: Sônia, Jairo e Dário e por força do destino, ela nos deixou um dia antes, em que completei 46 anos. Mulher guerreira que soube criar seus filhos debaixo de uma ordem que só ela sabia dar, mulher simples, mas muito sábia. Uma verdadeira serva de Deus, que amou ao Senhor e a igreja da qual pertenceu, enquanto viveu.

Dos muitos conselhos e histórias ou estórias (alegorias) que nos contou, lembro-me de uma bem interessante. À medida que ela nos contava algo marcava em nossos corações e nos dava ensinos, que com certeza, nunca os esqueceremos. A estória falava do poder da língua.

Certa vez um viajante passava por uma estrada deserta e, de longe, avistou uma caveira às margens da estrada, um tanto quanto receoso se aproximou, ficou alguns minutos observando aquela caveira e como que procurando o motivo da morte do moribundo, fez a seguinte pergunta:

- Caveira por qual causa morrestes?

A caveira, que até então estava quieta, respondeu:

- Foi a língua.

O coração do viajante quase parou, atônito e incrédulo ao mesmo tempo, tornou a perguntar:

- Caveira por qual causa morrestes?

E novamente ele ouviu uma voz saindo daquela carcaça humana, lhe respondendo:

- Foi a língua.

Então o viajante apressou-se, caminhou alguns quilômetros e chegou a uma cidade. Em ali chegando, foi logo para a praça, e clamou em alto e bom som:

- Quando vinha para cá encontrei, no caminho por onde vinha, uma caveira falante, ela me contou toda sua história e creiam vocês ou não, ela está lá e amanhã cedo quero vos levar e vocês poderão ouvir assim como eu ouvi, a uma caveira que fala.

Toda cidade entrou em alvoroço e não se comentava outra coisa, todos queriam ver e ouvir a caveira falante, teve gente que nem dormiu, ansioso por chegar o outro dia e poder ver tão estupendo fenômeno.

Mal o dia clareou e a hospedaria em que o viajante se achava estava superlotada de curiosos, o banco não funcionou, o comércio parou, não houve aulas nas escolas, e a pergunta era uma só:

- A caveira fala de verdade? E o viajante respondia: - Eu mesmo ouvi e vocês também ouvirão.

Então uma multidão seguiu o moribundo até ao lugar onde estava a dita cuja falante. O viajante aproximou-se e foi logo dialogando com a caveira:

- Caveira, por qual causa morrestes?

... Silêncio. 

A expectativa era tremenda. Os minutos se passavam e nada, nem um murmúrio, nem uma resposta.

Ele justificou: - Acho que ela não ouviu, por favor, façam silencio, preciso me concentrar.

Daí falou mais alto: - Caveira, por qual causa morrestes?

Novamente não houve resposta.

O viajante já meio transtornado, apelou, implorou, chorou: - Caveirinha me ajude, me responda desgraçada.

Não havendo resposta, o povo revoltado com tamanho engodo, apedrejou o viajante, que agora ficaria para sempre fazendo companhia a caveira, quando o povo foi embora a caveira respondeu:

- Eu não disse? Foi a língua.

Moral da estória: Nem tudo que se vê ou se ouve, se não puder provar, não repasse, pois isso pode determinar a tua vida ou a tua morte.

Essa estória contada por minha mãe é uma alegoria, cujo autor não conhecemos, mas que nos traz uma verdade bíblica indiscutível: A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto. (Pv 18:21)

E ainda diz: Cada um de vós seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. (Tg 1.19).

Essa é uma, das muitas lembranças que temos de Irmã Severina Gomes de Araújo, mãe, amiga, conselheira e uma grande líder. Deixou-nos no dia 06 de fevereiro do ano de 2009 e foi descansar nos braços do Senhor, aguardando , tão somente, o dia da ressurreição, para então estar para sempre com o Senhor. (I Co 15. 51 a 58).

Até a próxima, se Deus permitir.

*Dário Gomes de Araujo é Evangelista na Igreja Evangélica Assembleia de Deus e atual gestor na cidade São Jose do Egito.

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