Saiba quem é Wesley Batista, um dos donos da JBS, preso pela PF

Executivo do Grupo J&F teve o mandado de prisão expedido pela Justiça Federal de São Paulo na Operação Tendão de Aquiles, deflagrada nesta quarta-feira

Da Veja.com

Wesley e Joesley Batista foram presos após Rodrigo Janot revogar os benefícios concedidos aos delatores da JBS (Zanone Fraissat/Folhapress)

O empresário Wesley Batista, um dos donos da holding J&F, que controla a JBS, foi preso na manhã desta quarta-feira pela Polícia Federal (PF). O executivo era um dos colaboradores da empresa no acordo de delação premiada que foi firmado com a Procuradoria-Geral da República (PGR), mas teve a imunidade revogada após o chefe do Ministério Público Federal, Rodrigo Janot, suspender os benefícios concedidos aos delatores.

A decisão foi tomada após a gravação de uma conversa entre Joesley Batista, irmão de Wesley e sócio da J&F, e do diretor de relações institucionais da JBS, Ricardo Saud, indicarem que os colaboradores da empresa omitiram informações da PGR. Wesley não participou do áudio, mas teve a ordem de prisão expedida pela Justiça Federal de São Paulo na investigação que apura se os executivos aproveitaram a própria delação para ganhar dinheiro no mercado financeiro.

Wesley é o irmão do meio entre os três filhos homens de José Batista Sobrinho, o JBS. O embrião do conglomerado empresarial foi o modesto açougue Casa de Carnes Mineira, fundado pelo patriarca da família em 1953, em Anápolis (GO). Wesley, assim como Joesley, não conseguiu concluir o Ensino Médio por conta das tarefas que lhe eram designadas nos frigoríficos da família.

Foi Wesley o responsável pela internacionalização da marca. A rede de frigoríficos foi chefiada pelo irmão mais velho, José Batista Júnior, o Júnior da Friboi, entre 1960 e 2005. Após a saída de Júnior da empresa, Wesley assumiu as rédeas e, sem falar inglês, se mudou para os Estados Unidos, onde morou por quatro anos. Lá, o executivo foi responsável pela compra das empresas Swift Foods Company, em 2007, e, no ano seguinte, da Pilgrim’s. 

As aquisições foram fundamentais para a expansão da marca no exterior. Elas só foram possíveis graças ao aporte de recursos do BNDES, que investiu 10,63 bilhões de reais na JBS, entre 2005 e 2014. Atualmente, o apoio prestado à empresa é alvo das investigações que apuram os laços promíscuos mantidos entre os executivos e agentes do poder público.

Ao retornar dos EUA, Wesley foi encarregado de integrar as operações brasileiras às americanas. Os irmãos Batista decidiram, em 2012, criar a holding J&F Investimentos para reunir as empresas do grupo, que já havia se expandido para fora do setor alimentício. Entre elas estavam a Vigor, de produtos lácteos, a Eldorado Brasil, de celulose, e a Alpargatas, de vestuário e dona da marca Havaianas. Todas foram vendidas após o acordo de delação firmado com a PGR.
Wesley, o delator

Na sua colaboração, Wesley disse que houve repasse de propinas para o ex-governador do Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB), que cumpre prisão domiciliar após ter firmado acordo de delação. Também revelou um esquema fraudulento para redução de alíquota do ICMS no Mato Grosso do Sul, que teria começado no início dos 2000, sob o governo de Zeca do PT (PT), e se estendeu até o final do ano passado, nas gestões de André Puccinelli (PMDB) e Reinaldo Azambuja (PSDB).

Wesley disse que houve pagamentos ilícitos ao ex-governador do Ceará Cid Golmes (PDT) e à campanha do atual governador do estado, Camilo Santana (PT), em 2014. Em outros anexos, Wesley detalhou como o doleiro Lúcio Bolonha Funaro agia como o operador de propinas do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso pela Operação Lava Jato.

A senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) e o ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab (PSD-SP), também teriam recebido vantagens indevidas, segundo Wesley. Os repasses a Kassab chegariam a 20 milhões de reais, em contratos firmados durante seis anos.

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