Foragido da Operação Turbulência é encontrado morto em Olinda

Por Alex Ribeiro do Blog da Folha, Daniel Leite e Marcelo Montanini 
da Folha de Pernambuco

Um dos procurados pela Polícia Federal de Pernambuco, através da Operação Turbulência, foi encontrado morto no município de Olinda, no bairro Jardim Brasil, no Motel Tititi, nesta quarta-feira (22). Paulo César de Barros Morato estava foragido desde a última terça (21), quando a PF cumpriu 62 mandados judiciais e prendeu quatro pessoas, no âmbito da Operação.

Era também suspeito de ter participado do esquema que financiou irregularmente a campanha de reeleição do ex-governador Eduardo Campos. Morato era tratado como “testa de ferro” da organização.

Segundo o advogado do motel, Higínio Luis Araújo Marinsalta, o empresário teria chegado ao local sozinho em um Jeep Renagade preto, na terça, por volta do meio-dia. Durante toda a estadia, não pediu nada. Na tarde da quarta, como ele não havia renovado sua diária, os funcionários do estabelecimento estranharam e abriram a porta do quarto com a chave-mestra, encontrando o seu corpo em cima da cama, sem sinais de violência, sangue ou arma.

Inicialmente, os investigadores suspeitam que ele teria sofrido um mal súbito, mas ainda não se sabe oficialmente quais são as circunstâncias da morte. No local, agentes da Polícias Civil, Militar e Federal fizeram as primeiras investigações e recolheram objetos. Em seguida, o corpo foi levado ao Instituto de Medicina Legal (IML), onde passará por exames mais detalhados. Na quinta (23), o motel ficará em quarentena para a realização de perícia papiloscópica. Nenhum familiar do empresário compareceu ao local.

De acordo com a Polícia Federal de Pernambuco, o caso “ficará afeto à Polícia Civil”.

“Se porventura durante o percurso das investigações alguma circunstancia aponte vínculos ou tenha ligação com os fatos que estão sendo apurados dentro da operação Turbulência poderemos entrar no caso”, comunicou o chefe de comunicação social da PF em Pernambuco, Giovani Sartoro.

Esquema

Segundo o inquérito da Polícia Federal, Morato teria “aportado recursos para a compra da aeronave PR-AFA (que sofreu um acidente em 2014 e vitimou Eduardo Campos) e recebido recursos milionários provenientes de empresas de fachada utilizadas nos esquemas de lavagem de dinheiro, engendrados por Alberto Yousseff e Rodrigo Morales e Roberto Trombeta, além de provenientes da construtora OAS”.

Responsável pela empresa Câmara & Vasconcelos, o empresário era considerado o “testa de ferro” do grupo criminoso. Sua empresa teria sido contratada pela OAS por R$ 18.858.978,16 para prestar serviços de terraplanagem durante as obras da transposição do Rio São Francisco e teria movimentado a maior quantia de dinheiro dentro do esquema. O inquérito aponta, ainda, que Morato mantinha R$ 24,5 milhões em sua conta.

“Chama a atenção na tabela o montante movimentado pelo investigado Paulo Morato e por suas empresas, o qual é evidentemente incompatível com o seu padrão de vida, evidenciando sua condição de “testa de ferro” da organização criminosa”, diz o documento.

Somadas, as apreensões de Morato e os outros quatro detidos na Operação Turbulência somam R$ 42,4 milhões. Eduardo Freire Bezerra Leite, Arthur Roberto Lapa Rosal e Apolo Santana Vieira, João Carlos Lyra Pessoa Filho estão detidos no Centro de Triagem (Cotel), no Grande Recife.

Até esta quarta-feira (23), a PF analisava a possibilidade de incluir o nome de Morato na lista de procurados da Interpol. Agora, os investigadores apuram a relação entre essas empresas citadas na Operação e grupos já envolvidos na Lava Jato e em investigações que estão no Supremo Tribunal Federal (STF).

Na terça (22), a PF recolheu oito automóveis de luxo, 45 relógios de marcas internacionais famosas, além de R$ 3,6 milhões, dólares, revólveres e uma espingarda. Também foram apreendidos dois barcos, dois helicópteros e um avião.

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