Senado cassa o mandato de Delcídio do Amaral por quebra de decoro

O senador Delcídio do Amaral foi o primeiro senador a ser preso no exercício do mandato desde a redemocratização, nos anos 1980.

Heraldo Pereira / Fernando Rêgo Barros
Brasília, DF
Jornal da Globo
O senador Delcídio do Amaral, ex-PT e ex líder do governo no Senado, perdeu o mandato na terça (10) por quebra de decoro parlamentar- por ter tentado obstruir investigações da Lava Jato. A cassação de Delcídio foi o evento necessário para que nesta quarta feira o plenário do Senado vote o impeachment de Dilma Rousseff.

Uma coisa se liga a outra. O que dá unidade aos dois casos é o ambiente da política. Delcídio do Amaral era um senador especialmente ligado à Dilma Rousseff quando ministra na era Lula e depois na presidência da República. Considerado um novo petista, com plumagem tucana, tinha afinidade com gente do PSDB ao PMDB, entre outros partidos.

E, como líder do governo Dilma, se valeu de contatos e da simpatia pessoal para costurar acordos vitais para o Planalto. Caiu em desgraça e se tornou um caso raro de senador preso pelo Supremo Tribunal Federal, com o aval do Senado, acusado de tentar atrapalhar investigações da Operação Lava Jato.

No Senado argumentava-se que seria impossível tratar do impeachment da presidente sem antes decidir sobre o processo de cassação de Delcídio, que era do ano passado. Assim foi feito. Ainda como senador, Delcídio esteve pela última vez no Congresso na segunda (9).

No julgamento, faltou à sessão. Ele teve o mandato cassado pela quase unanimidade de senadores em plenário, expressivos 74 votos a favor e apenas uma abstenção. Não recebeu o apoio de nenhum colega. Com a cassação, Delcídio perde o foro privilegiado.

A denúncia criminal no inquérito contra ele, o ex-presidente Lula e outros pela prática de crimes por tentativa de comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, deve ser remetida ao juiz Sérgio Moro, no Paraná.

QUEM É DELCÍDIO

Engenheiro de formação, Delcídio do Amaral é de Corumbá, no Mato Grosso do Sul foi secretário do Ministério de Minas e Energia e chegou a ser ministro da pasta no final do governo Itamar Franco. Depois, no governo FHC, foi diretor de gás e energia da Petrobras.

Em 2002, pela primeira vez foi eleito senador pelo PT, ficou 13 anos no Senado e ganhou projeção quando presidiu a CPMI dos Correios, em 2005. Em 2014, assumiu a liderança do governo Dilma Rousseff no Senado.

Delcídio do Amaral foi o primeiro senador a ser preso no exercício do mandato desde a redemocratização, nos anos 1980. A prisão foi no dia 25 de novembro, por obstrução da Justiça.

O motivo foi a gravação de uma conversa em que, segundo o Ministério Público, o senador planejava interferir nas investigações da Operação Lava Jato ao tramar a fuga do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.

No Conselho de Ética, Delcídio respondeu pela acusação de quebra de decoro parlamentar. Ele foi convocado várias vezes, mas nunca compareceu. Sempre alegava problemas de saúde. Na terça (9) foi pessoalmente à Comissão de Constituição e Justiça se defender das acusações.

Delcídio será substituído pelo suplente, o empresário Pedro Chaves dos Santos Filho, que assume em até 30 dias.

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