Falta de capacitação de pilotos contribuiu para queda do avião de Eduardo Campos

Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil

Oficial da Aeronáutica apresenta o relatório final da investigação sobre o acidente aéreo 
em que morreu o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, em agosto de 2014
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Uma série de fatores pode ter determinado a queda do avião na qual morreu o ex-governador de Pernambuco e então candidato à Presidência da República, Eduardo Campos. O relatório sobre o acidente foi revelado na tarde de hoje (19) por oficiais do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Entre os fatores que contribuíram para o acidente estão a falta de capacitação da tripulação para operar a aeronave e a escolha de uma rota fora dos padrões previstos. O acidente foi na manhã de 13 de agosto de 2014, em Santos, no litoral paulista.

De acordo com o relatório, nem o piloto Marcos Martins, nem o copiloto Geraldo Magela da Cunha tinham feito cursos para pilotar aquela aeronave, modelo Cessna 560 XL. Martins tinha curso para operar uma aeronave de modelo anterior, mas o copiloto não tinha treinamento no modelo usado no dia do acidente, nem no anterior. “A falta de conhecimento da tripulação pode ter feito com que suas ações ficassem atrasadas em relação à sequência de eventos da cabine.”

Além de não ter feito o curso para operar a aeronave, os padrões de voz do copiloto gravados durante o voo demonstraram que ele aparentava fadiga e sonolência. Além disso, em treinamentos e voos anteriores, ele havia se comportado de forma “passiva no voo”, não respondendo adequadamente a situações de emergência, assinala o relatório.

O documento do Cenipa revelou que a tripulação da aeronave fez a aproximação da pista de pouso de modo diferente do padrão. Minutos antes do acidente, o piloto informou por rádio que tinha tomado os procedimentos para pouso, mas a posição da aeronave era outra. Ele deveria ter feito duas curvas no espaço aéreo próximo à pista de pouso – chamadas “bloqueio” e “rebloqueio” –, mas seguiu direto em direção à pista, em uma espécia de “atalho”.

Além disso, a tripulação não solicitou ao controle de tráfego aéreo informações sobre as condições de visibilidade da pista em nenhum momento. Na hora do acidente, chovia, havia névoa e a visibilidade era prejudicada. No momento do impacto, a aeronave voava em uma velocidade muito mais alta do que o comum. Os motores, que geralmente resistem a impactos, ficaram deformados.

As revisões do avião estavam em dia e os sistemas de funcionamento da aeronave eram adequados.

Relatório Alternativo

Um relatório alternativo será apresentado amanhã (20), às 9h30, pela Associação Brasileira de Parentes e Vítimas de Acidentes Aéreos, em São Paulo. Segundo a associação, todas as famílias concordaram com a confecção do relatório, mas três delas têm advogados acompanhando de perto as famílias do piloto, do co-piloto e de um passageiro. A associação adiantou que o relatório vai expor falha mecânica da aeronave, um Cessna 560 XL.

A aeronave, prefixo PR-AFA, decolou do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, com destino ao Aeroporto de Guarujá, no litoral paulista. Quando se preparava para pouso, por volta de 10h, o avião arremeteu devido ao mau tempo. Em seguida, o controle de tráfego aéreo perdeu contato com a aeronave.

Além de Eduardo Campos, morreram no acidente os pilotos Geraldo Magela Barbosa da Cunha e Marcos Martins e Alexandre Severo e Silva, Carlos Augusto Leal Filho, Pedro Valadares Neto e Marcelo de Oliveira Lyra, assessores do ex-governador de Pernambuco.

Em relatório preliminar divulgado em janeiro do ano passado, o Cenipa já havia descartado as hipóteses de que o Cessna tivesse colidido com aves, drones ou outras aeronaves. Também foi desconsiderada a ocorrência de incêndio durante o voo. Segundo esse relatório, divulgado em janeiro, o avião não estava voando invertido antes da queda, e os motores funcionavam no momento do impacto com o solo.

Edição: Nádia Franco

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