Ao invés de compartilhar uma mentira para ganhar likes, mande nudes

Por Leonardo Sakamoto

Quando amigos profissionais de comunicação, do direito, economistas, acadêmicos, figuras públicas, entre outros, começam a compartilhar links de sites anônimos transferindo ao conteúdo duvidoso uma credibilidade que ele não deveria ter, você passa a ficar com medo.

Medo da disseminação da coisa porca em questão que se transmuta em pânico ao verificar que o compartilhamento vem acompanhado de comentários indignados, como se todas as denúncias fossem verdadeiras. Formadores de opinião, dessa forma, jogam cocô apócrifo nas suas própria timelines achando que estão distribuindo rosas. E depois perguntam porque o mundo está fedendo.

Do que adianta ter estudado em boas escolas, feito um curso superior de ponta, pós-graduação em país sem esgoto a céu aberto e, constantemente, arrotar conhecimento e peidar sabedoria alardeando ter lido milhares de livros (inclusive Os Sertões), se não têm paciência de ler um texto na rede até o final e checar se o site é sério ou um simples repositório de escritos questionáveis com o objetivo de armar até o dentes as guerrilhas virtuais? Contei um rosário de casos nos últimos dias que me deram uma tristeza profunda. Conversei com alguns desses amigos. Parte me chamou de mala – básico. Parte discordou que o site (que não continha expediente, nem matéria assinada) não fosse uma fonte confiável – afinal, tinha até fotos! Parte mentiu para mim prometendo que tomaria mais cuidado.

E antes que venham com mimimi de que isso é coisa da esquerda, da direita, da oposição ou do governo, adianto que é de todo o lugar. Tá tudo dominado. É claro que é pior entre os malucos que pedem a volta dos militares, assustando até os militares. E daqueles que acham que o governo Dilma é incrível, assustando até a Dilma.

Na verdade, quando o conteúdo vai ao encontro do que esse amigo ou amiga acredita, não se importam se é mentira ou não e vai abraçar o argumento e difundi-lo. Pois o importante é vencer um debate que pode estar atrelado à manutenção de seus próprios privilégios, dos privilégios de uma classe social, de velhas tradições, como parte de uma missão divina ou revolucionária ou simplesmente para surrar outro amigo pelo prazer de vencer.

Não só este espaço como uma série de outros tem listado formas de separar o joio do trigo ao se informar. Não é fácil e várias vezes caímos em armadilhas. Além do mais, como sempre digo, a melhor solução é alfabetizar para a mídia crianças e jovens a fim de que sejam menos idiotas que a nossa geração, a de nossos pais e a de nossos avós. E aqueles entre nós com maior poder de difusão de conteúdo têm uma responsabilidade dobrada.

Sugestão: se tiver com vontade de compartilhar algo só para gerar likes, envie um vídeo do pandinha que espirra, do gato vestido de tubarão sobre o aspirador de pó ou dos gatos que têm medo de pepino. Ou manda nudes.

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