A pior das secas, por Dario Gomes

Dario Gomes
Setembro passou-se, outubro e novembro, já estamos em dezembro . . . e 3,5 milhões de pessoas morreram em 1980, por causa da seca e suas consequências. 

Enfrentamos uma das piores secas já existentes em nosso país, a paisagem que vemos é a do predomínio de arbustos sem folhas. Esperamos que a misericórdia Divina nos socorra e que logo tenhamos água suficiente para o abastecimento necessário. O nordestino nunca desanima. O nordestino é homem de fé.

Ao contrário do que se viu nos anos 50, 60 e 70, onde muitos deixaram para trás tudo quanto possuíam e se aventuraram nas firmas do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, entre outros, por um salário de fome que mal dava para sobreviver, hoje isso não existe mais. 

Os tempos mudaram.

Não estamos vendo um êxodo dos nordestinos rumo ao sul do país, até agora não vi sequer um Pau-de-Arara, ou algo parecido chamando as pessoas a melhorarem de vida nas indústrias do sul/sudeste, mas o que vemos, são pessoas comprando passagens de avião para passarem o final de ano na casa de parentes e engatando já a passagem de volta com data marcada, porque nem de ônibus o povo quer mais viajar. 

Muitos adquiriram suas casas próprias, empregos fixos por concursos, muitos estão fazendo faculdade, pós-graduação, doutorado, os mais simples estão fazendo cursos técnicos, e muitas outras capacitações em várias áreas da vida. 

Parece que a seca que estamos a viver, mesmo sendo a maior dos últimos 50 anos, ainda não chegou a fazer os estragos que outras de menor porte fizeram.

Quais eram as medidas tomadas para ajudar o nordestino em tempos de seca? Nenhuma ou quase nenhuma. O nordeste era considerado a vergonha do país. Lugar de fome e miséria. Lugar onde se morria de fome e sede. Éramos manchetes dos principais noticiários do mundo. No máximo o que os governos faziam era abrir as “Frentes de Emergência” onde o agricultor ganhava uma ajuda simbólica que lhes eram repassadas através de capatazes dos Governos municipais, para cavarem açudes e limparem estradas sem o auxílio de um trator sequer, era tudo manual, à base de enxadas e picaretas, e ainda tinham que gravar o nome do político e do partido que os assalariavam, mesmo sendo dinheiro vindo do Governo Federal.

Tomamos, por exemplo, os dados abaixo:

A seca de 1980. http://www.ceped.ufsc.br/historico-de-secas-no-nordeste-do-brasil/

Essa foi uma das secas mais prolongadas da história do Nordeste: durou 7 anos. O auge do problema foi em 1981. A estiagem deixou um rastro de miséria e fome: lavouras perdidas, animais mortos, saques à feiras e armazéns por uma população faminta e desesperada. Atingiu toda a região, deixando um rastro de miséria e fome em todos os Estados. No período, não se colheu lavoura nenhuma numa área de quase 1,5 milhões de km2. No período, 3.5 milhões de pessoas morreram, a maioria crianças sofrendo de desnutrição. Pesquisa da Unesco apontou que 62% das crianças nordestinas, de 0 a 5 anos, na zona rural, viviam em estado de desnutrição aguda. http://www.ceped.ufsc.br/historico-de-secas-no-nordeste-do-brasil/

A pior seca não era a da falta de água, porque água sempre existiu, os poços cavados atualmente, não me deixam mentir, o problema era que o governo não os cavava, o Rio São Francisco não veio para o Nordeste através de governo algum, ele está lá desde a criação, faltava quem o canalizasse para as cidades como se tem feito ultimamente. A pior das secas não é a falta de chuvas (embora elas sejam essenciais para a vida na Terra). A pior seca é a do descuido de quem governa. 

Vejo a luta para que o precioso líquido chegue as nossas torneiras, Vejo representantes do povo alçando a voz e gritando por dias melhores, vejo um povo que saiu da linha de pobreza e miséria e não precisa mais ficar pedindo favores a políticos para que se ter uma lata d’agua em casa, na verdade, a “indústria da sêca” , que em tempos passados enriqueceu a muitos está quase fechando as portas e acredito que ela vá, em breve, à falência. 

Há, hoje, investimentos altos para que não tenhamos um colapso energético tal como aconteceu no ano de 2001. Sei que o momento é crítico, sei que muitos estão sofrendo ainda, mas estamos em muito melhor situação que nossos antepassados. 

O Brasil mudou, o Nordeste melhorou, e se Deus quiser e sei que Ele quer, logo teremos águas em abundância em nossos rios, açudes, barreiros e barragens, em breve as torneiras do céu derramarão bênçãos em forma de chuvas e o nordestino feliz da vida, agradecido a Deus, porque apesar da grande estiagem, não precisou tomar nenhum Pau-de-Arara para se aventurar pelas terras do sul.

Setembro passou-se, outubro e novembro, já estamos em dezembro. . . e em dezembro é festa, porque é o mês do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, com mesas fartas e muita paz e Boa Vontade para com os homens .

Que Deus vos abençoe, na Graça que há em Jesus Cristo e até a próxima, se Deus permitir.

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