A "Crise dos chinelos com pregos e com correias cruzadas", por Almir das Neves

Estamos vivendo hoje no Brasil um período considerado de crise econômica. Uma crise é uma mudança brusca ou uma situação de escassez (desemprego, por exemplo). Posto isto, uma crise econômica faz referência a um período de escassez a nível da produção, da comercialização e do consumo de produtos e serviços.

Mas quando vejo falar em crise, não consigo deixar de lembrar da década de 90 quando vivi minha infância na região do Cariri paraibano. Naquela época, o povo viveu tempos de forte escassez, e diga-se, não era uma 'crisezinha qualquer' não! Faltava comida na mesa da população e, se faltava comida, outras coisas como roupas e calçados nem se fala...

Me recordo muito bem quando minha avó nos ensinava como consertar os chinelos usando pregos e, quando as correias não suportavam mais nem pregos, usávamos correias de outros chinelos dos adultos que eram guardados para serem reaproveitados e como estas correias eram grandes, aprendíamos a usá-las cruzadas para que se "ajustasse" aos chinelos de criança.

Não eram tempos fáceis e estas lembranças nos fazem temer que nosso Brasil retroceda a tempos tão difíceis, em que as chamadas frentes de emergência, uma "ajuda" do Governo Federal para que os agricultores não morressem de fome, formava grupos de trabalhadores para realizar trabalhos que servissem à coletividade e com isso, os trabalhadores recebiam um pequeno valor e umas "cestas básicas".

Quem viveu naquele tempo certamente não esqueceu da qualidade dos alimentos que eram enviados. Os trabalhadores nordestinos que moravam em casas de taipa e recebiam feijão vencido que não cozinhava nem passando um dia inteiro no fogo de lenha, em uma panela de ferro. Lembram do arroz que vinha ainda na palha e da farinha cheia de caroços e com gosto de banha? Nossa! Aquilo sim eram tempos difíceis.

Eu vivi tudo isso e, naquela época, jamais me imaginei em frente deste computador, escrevendo este texto para ser publicado em meu Blog.

Quem viveu tamanha dificuldade e lembra bem como eu, certamente reconhece que vivemos dias melhores hoje. Mas reconhece também que não podemos parar nunca! Vamos continuar lutando, como brasileiros fortes que somos para que nosso país continue crescendo e para que tenhamos dias cada vez melhores e não retroceder jamais.

Almir das Neves Araujo
Blogueiro e cidadão brasileiro

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