UMA PAIXÃO NACIONAL

Dr. Paulo Lima*
Creio que, diferentemente do que se costuma propalar, atualmente a grande paixão do brasileiro não é o futebol, principalmente depois da vergonhosa goleada que a nossa "canarinha" tomou dos alemães. Uma curiosidade: pesquisei no Google para saber se a seleção alemã tinha um apelido e descobri que eles denominam a sua equipe de "O Time", vejam vocês! Eu não sei se eles merecem esse termo, pois, mesmo com a histórica goleada não me convenceram que seja a melhor equipe de futebol do mundo. Mas, deixemos o futebol de lado, pois a minha intenção não é falar desse esporte, já que não sou um bom entendedor no assunto. O que gosto mesmo é falar de política, para mim a grande paixão nacional, muito embora também não possa me considerar um "expert" neste assunto, mesmo porque nunca concorri a um cargo eletivo, embora não me falte vontade e, felizmente, na hora "H" a razão fala mais alto que a emoção, isto não significando dizer que, mais dia, menos dia, não venha a sucumbir a esta tentação. E o que me fez chegar a esta conclusão, perguntaria você, que me lê neste momento? Os fatos falam por si mesmos, respondo. 

Atentem que durante todo o ano as federações e confederações que respondem por este esporte - refiro-me ao futebol - cuidam em promover torneios locais, estaduais, regionais e nacionais, fazendo com que duas vezes ou mais, durante a semana, os times de futebol se envolvam em disputas para manter viva a paixão do torcedor por seu time do coração e, mesmo assim, ela não chega aos pés da paixão dos partidários de uma agremiação política! Duvidam? Vocês já observaram, que, embora eleições municipais só se realizem de quatro em quatro anos, tão logo um candidato se sagra vencedor numa disputa política, os apaixonados da outra agremiação, derrotada nas urnas, já começam a sonhar com a vitória nas próximas eleições? E por acaso já observaram que muito deles tomam para si o mérito da vitória, ao invés de creditarem ao candidato do seu partido? Pois é. E esta paixão prossegue diuturnamente, durante o ano todo...

Aqui na nossa região, por exemplo, conheço várias torcidas organizadas - vamos chamá-las assim - que, fazendo uso de um adágio popular, "pode dar cachorro em oitenta", mas não desarmam o palanque! Em verdade, quem é viciado no jogo do bicho sabe muito bem que a tabela do sorteio só contempla vinte e cinco animais e o número do cachorro não é oito, mas sim, dez. O fato é que esse ditado é utilizado para afirmar que a agremiação derrotada pode perder oitenta vezes mas não renega a sua cor nem o seu palanque e, tal qual o jogo do bicho, todos os dias durante os quatro anos entre uma disputa e outra, fazem as três refeições tendo como sobremesa a política.

Muitas vezes, no entanto, os partidários de uma agremiação política costumam taxar a agremiação adversária com adjetivos não tanto elogiáveis, convenhamos. Aqui mesmo, na nossa terrinha, Vertentes, as duas agremiações têm como denominações "tapurus" e "carniças"! Ocorre que a segunda agremiação, ao contrário da nossa, na qual me incluo, não gosta muito desse apelido e prefere ser chamada de "nação vermelha". O curioso é que os seus representantes mais influentes pertencem ao PSDB, cuja cor predominante é o amarelo. No entanto, não sei por que cargas d´água, apropriaram-se da cor vermelha para representar a sua agremiação, que, na verdade pertence ao Partido dos Trabalhadores, o PT, maior adversário do PSDB, vejam vocês!

Já em Taquaritinga do Norte, a minha terrinha adotiva, como costumo dizer, as agremiações partidárias se denominam de "Calabar" e "Boca preta". O curioso nessa estória é que o grupo "Calabar" assim foi denominado para que os seus seguidores e componentes ficassem sendo conhecidos como traidores. Acontece, que, muito embora tenham assumido com orgulho esse termo, a recente história política daquele município dá mostras, que, em verdade eles nunca traíram as cores de sua agremiação, nem muito menos a sua ideologia ou os seus companheiros, ao contrário de "uns outros". Cala-te boca... Mas esta estória é um tanto comprida (complicada seria o termo mais adequado) e não cabe nesses mal traçadas linhas...

O fato é que, diferentemente do futebol, creio que a política é, com certeza, a grande paixão nacional e as eleições que se aproximam não me deixam mentir. E vamos que vamos! #2016vemaí!

Abraços a todos.

*PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, ex-Procurador Federal, e atualmente exerce a advocacia.

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