Manoel Ramos reconta a história de Santa Cruz do Capibaribe
PARTE I
ANTONIO BURGOS – FATO
REAL, LENDA OU FOLCLORE?
MAS, AFINAL, SERIA
ESSA HISTÓRIA UMA LENDA, FOLCLORE OU FATO REAL?
Vejamos:
Manoel Ramos |
Antônio Burgos foi um fidalgo
português do século XVIII, é um dos primeiros desbravadores da região do Alto
Capibaribe.
Segundo consta, Antônio Burgos,
recém-chegado ao Recife, foi a conselho médico, levado a procurar terras de
clima salubre. Então, margeando o Rio Capibaribe desde o Recife e, na
confluência do riacho Tapera com o rio Capibaribe, aportou na antiga povoação
existente.
Sua primeira preocupação foi erguer
no local uma grande cruz de madeira, a exemplo dos seus patrícios chegados ao
Brasil em 1500, daí se originando o atual nome de Santa Cruz do Capibaribe.
Resolvendo estabelecer-se, ergueu uma
casa de taipa para sua moradia e uma capela também de taipa, onde depositou
imagens sagradas que trouxera consigo inclusive um crucifixo de madeira, em
construção rústica de taipa, em frente à capela.
(EXTRAÍDO DO BLOG A TERRA DA SULANCA)
Em
outras biografias por mim já lidas, tem-se que este fidalgo teria vindo a estas
terras acompanhado de escravos e escravas, como não poderia deixara de ser. O
fato incontroverso é que teria vindo a conselho médico e que veio margeando o
rio Capibaribe.
Segundo rápida pesquisa feita por Lindolfo
de Lisboa, o fidalgo português Antonio Burgos “padecia de moléstia incurável,
talvez a tísica, e, aconselhado pelos médicos, procurou esta região a fim de se
refazer da saúde abalada”. Aqui chegando, construiu uma casinha e uma capela de
taipa (esta onde hoje fica a igreja matriz), tendo sido provavelmente tudo
abandonado após sua morte. Só por volta de 1790, a capela foi reconstruída,
quando já havia certa população em torno.
Segundo o professor
Edson Tavares, “Poucas são as informações que se tem desse período, e durante
todo o século XIX, embora uma pesquisa historiográfica mais detida talvez possa
revelar grandes surpresas, em termos de documentos. Só haver disposição,
engenho e arte para tal”.
Tratava-se, evidentemente, de um homem
jovem e forte, pois, se assim não fosse, teria sucumbido no caminho.
Apenas pelo fato de ser chamado
de FIDALGO, existe a absoluta
certeza, de que ele era de um homem rico e, naquela época, homem rico possuía
escravos e escravas.
Pois
bem.
“... aportou na antiga
povoação existente”.
Dessa
narrativa, tem-se que ANTONIO BURGOS NÃO
FUNDOU A VILA DE SANTA CRUZ.
Lenda
é uma narrativa fantasiosa transmitida pela tradição oral através dos tempos.
Um mito é uma narrativa tradicional com
caráter explicativo e/ou simbólico, profundamente relacionado com uma dada
cultura e/ou religião. O mito procura explicar os principais acontecimentos da
vida, o fenômenos naturais, as origens do Mundo e do Homem por meio de deuses, semideuses
e heróis (todas elas são criaturas sobrenaturais). Pode-se dizer que o mito é
uma primeira tentativa de explicar a realidade.
O mito é muito confundido com o conceito de
lenda, porém esta não tem compromisso nenhum com a realidade, são meras
histórias sobrenaturais, como é o caso da mula sem cabeça e do Saci Pererê. O
mito não é exclusividade de povos primitivos, nem de civilizações nascentes,
mas existe em todos os tempos e culturas como componente indissociável da
maneira humana de compreender a realidade.
A diferença entre Mito e Lenda é
a seguinte: O Mito é o Personagem a qual a lenda trata e a Lenda é a História
sobre o determinado Mito.
Para *Paulo de Carvalho Neto “Mito – Narrativa da ação de um ser
inexistente. É a representação mental e irreal de um elemento com formas
humanas, de astros, de peixes, de outros animais ou qualquer coisa, cuja ação
em geral causa medo.
Lenda – É uma narrativa imaginária que possui raízes na realidade
objetiva. É sempre localizável, isto é, ligada ao lugar geográfico determinado.
Conto – Narrativa ficcional, em prosa ou em prosa e verso, com
começo, clímax e final, com a finalidade explícita de entretenimento.
Caso – É a narrativa de um fato, às vezes com origem em
acontecimento real, com a finalidade explícita de entretenimento”.
* Paulo de Carvalho Neto nasceu em 1923. Estudou antropologia e folclore com Arthur Ramos
(1945-1948) na antiga Universidade do Brasil, licenciando-se em ciências
sociais. É doutor em letras pela Universidade de São Paulo (USP-1917), com tese
intitulada La Influencia del Folklore en Antonio Machado (Editora Demófilo,
1951). Para entender melhor a Ufologia e suas conexões com o folclore e
vice-versa, estudou hipnose com três notáveis hipnólogos da Califórnia: Barrie
Konikov, V. Michael Consolo e James H. Hoke. Com tais estudiosos obteve os
diplomas de hipnólogo profissional em 1981, de hipnoterapeuta em 1982, sendo
autorizado pelo Superintendente da Instrução Pública da Califórnia a exercer a
profissão. Como complemento teórico-prático, matriculou-se nos cursos de Teoria
da Mediunidade (Ministry and Mediumship) ministrados no Camp Chesterfield, de
Indiana, em 1974, obtendo 25 créditos. O autor, já falecido, foi sócio do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, secretário-geral da Comissão
Nacional de Folclore e membro da União Brasileira de Escritores e do Pen Club.
Foi o primeiro antropólogo das Américas a receber em 1991, em Palermo, Itália,
o Prêmio Internazionale di Studi Etno-Antropologici Pitrè Salomone Marino,
anteriormente conquistado por Lévi-Strauss, entre outros estudiosos europeus.
Paulo de Carvalho-Neto foi o autor brasileiro convidado a estrear a Biblioteca
UFO.
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