93 deputados faltaram um ano de mandato

Grupo de parlamentares acumulou mais de 25% de faltas na última legislatura. Quatro deles, como Maluf, faltaram mais da metade das sessões do mandato, mostra levantamento da Revista Congresso em Foco

POR SARA RESENDE
REVISTA CONGRESSO EM FOCO
Foto: Beto Oliveira
Quarto mais faltoso, Maluf acumulou 198 faltas e 195 presenças na Câmara entre 2011 e 2014. De fevereiro de 2011 a dezembro de 2014, o calendário registrou aproximadamente 990 dias úteis para o trabalhador brasileiro. No mes­mo período, a presença dos deputados federais foi exigida apenas nos 393 dias em que foram convocadas sessões destinadas a votação. 

Ainda assim, 93 parlamentares faltaram o equivalen­te a um dos quatro anos da legislatura. Entre eles, quatro deixaram de comparecer a mais da metade do mandato. Na maioria dos casos, o salário dos políticos nem foi descontado, dife­rentemente do que ocorre com o trabalhador comum, aquele que teve de comparecer mais do dobro de vezes ao serviço. 

Os dados, repassados pela Câmara com base na Lei de Acesso à Informação, foram publicados no novo número da Revista Congresso em Foco.

Entre os parlamentares que faltaram proporcio­nalmente a mais de um ano do mandato, há figuras controversas, como o Pastor Marco Feliciano (PSC­-SP), que causou polêmica em sua passagem pela presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, e Paulo Maluf (PP-SP), incluído na lista de procurados da Interpol. Feliciano, por exemplo, faltou a 100 (25,4%) das 393 sessões deliberativas. Todas as faltas dele foram justificadas.

Quarto mais faltoso da legislatura passada, Maluf foi além: deixou de comparecer a mais da metade das reuniões em plenário. Foram 195 presenças e 198 faltas no período. Além dele, outros três deputa­dos faltaram o equivalente a dois anos do mandato. João Lyra (PSD-AL), Nice Lobão (PSD-MA) e Zé Vieira (Pros-MA) encabeçam a lista dos mais ausentes. Maluf explica que todas suas ausências foram justificadas e que a Mesa Diretora acatou suas licenças médicas.

Eleito em 2010 como o parlamentar mais rico de todo o Congresso, com patrimônio declarado de R$ 240 milhões, o usineiro João Lyra foi o deputado mais ausente da última legislatura. Ele acumulou 227 faltas (todas justificadas) durante os quatro anos, ou seja, apa­receu em apenas 42% das sessões. Ao longo do manda­to, respondeu a processo no Supremo Tribunal Federal (STF) pela acusação de trabalho escravo. O processo continua em instância inferior da Justiça. De acordo com a assessoria de Lyra, o ex-parlamentar não fala mais sobre fatos relacionados às suas atividades políticas.

Nice Lobão deixou de comparecer a 60% das 365 sessões em que exerceu mandato. A ex-deputa­da somou 222 faltas, cinco a menos que João Lyra. Nice é esposa do senador Edison Lobão (PMDB­-MA), também investigado na Lava Jato. Curio­samente, é mãe do campeão de faltas no Senado, Lobão Filho (PMDB-MA), que exerceu o mandato entre 2011 e 2014. A ex-deputada alega que suas ausências decorreram de problemas de saúde, jus­tificadas em atestados médicos. Maranhense como Nice, Zé Vieira faltou a 53% das reuniões que a Câ­mara reservou para votação em quatro anos.

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