PF apurou suposto esquema de corrupção no governo Eduardo Campos

Em Pernambuco, MPF e Justiça Federal dizem que repassaram investigação sobre suposto esquema no governo Eduardo para MPPE e Justiça do Estado

Por Jamildo Melo

Um inquérito aberto em 2007 pela Polícia Federal em Pernambuco – de número 433 e que inicialmente tinha por objeto apurar supostas irregularidades com jogo do bicho – acabou flagrando um possível esquema de tráfico de influência e corrupção no Governo do Estado, na gestão Eduardo Campos, com participação de um deputado e um vereador do PSDB, além de vários funcionários de segundo escalão do Estado. Após as investigações, pelos menos dois processos foram enviados à Justiça Federal e à Justiça de Pernambuco, desde 2013.

De acordo com as investigações, o elo entre as duas instâncias e os dois casos foi o empresário Severino Jordão Emericiano Júnior, que acabou gerando duas outras operações de investigação denominadas Farda Nova e Zelador. A PF confirma a existência dos inquéritos, mas não informa detalhes das operações. Jordão Emericiano era sócio-gerente de uma casa de câmbio e, em 2008, chegou a ser candidato a vereador no Recife pelo PSDB, mesmo partido do deputado investigado e um vereador de Jaboatão dos Guararapes.

Em nota enviada ao Blog de Jamildo, o Ministério Público Federal informou que os crimes federais já estão sendo apreciados pela Justiça Federal. O caso corre em segredo de Justiça.

No que toca aos desdobramentos estaduais, a Justiça Federal informou que o caso chegou a ser levado ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região, no Recife, por conta da suposta participação do deputado tucano.

Tribunal de Justiça de Pernambuco. Foto: Divulgação

De acordo com a Justiça Federal, em dezembro de 2009, o TRF5 declinou da competência porque cessou a condição de deputado federal de um dos investigados.

Para a continuidade das investigações, o inquérito passou a ser tratado de forma direta entre o MPF e a Polícia Federal.

Desde março de 2013, por decisão do TRF5, o caso passou a ser tratado pela Justiça do Estado, consequentemente com atuação do Ministério Público de Pernambuco. O MPPE encaminhou pelo menos uma ação ao Judiciário.

Deste processo inicial, repassado pelo MPF e PF, a partir do inquérito 433/2007, o MPPE ajuizou uma ação penal na 1ª Vara Criminal da Justiça de Jaboatão dos Guararapes. Um documento da Justiça Federal, ao informar que o TRF5 abriu mão da competência para o TJPE, informa que o fazia para apuração de possíveis crimes de corrupção na Câmara dos Vereadores e Prefeitura Municipal de Jaboatão dos Guararapes.

Ministério Público de Pernambuco. Foto: reprodução/Facebook

O processo tem como objeto corrupção ativa e formação de quadrilha, tendo recebido o número 0001940-30.2012. Há uma dezena de acusados, cujos nomes podem ser visualizados pelo site do TJPE. O destaque é o nome do ex-vereador de Jaboatão dos Guararapes pelo PSDB Geraldo Cisneiros. O político e empresário ainda é ligado aos tucanos do Estado e participou da campanha da deputada estadual Terezinha Nunes.

A ação penal apresentada pelo MPPE envolve ainda o nome da ex-vereadora de Jaboatão dos Guararapes e ex-deputada estadual Elina Carneiro, filha do ex-prefeito socialista Newton Carneiro. Elina foi ex-secretária municipal de Jaboatão na gestão do pai e ex-deputada estadual.

O TJPE informou, por meio de sua assessoria, que o juiz recebeu a denúncia, mas não há uma decisão ainda. A vara é acumulada pelo juiz Carlos Fernando Carneiro Valença Filho. O judiciário local explicou que não começou a fase de audiências e que os advogados de defesa pediram absolvição sumária. O juiz analisa o pedido. O Blog de Jamildo apurou que o caso tem audiência marcada para 18 de novembro.

Os outros “processos-filhos” da investigação inicial da PF, envolvendo auxiliares graduados do governador Eduardo Campos e pelo menos um deputado que migrou do PSDB para o PSB, não chegaram ainda à Justiça. Uma fonte do MPPE informou que pode ter algo mais sendo investigado, antes de uma eventual ação penal. O Blog de Jamildo tentou contato com o procurador-geral do MPPE, Agnaldo Fenelon, mas não obteve sucesso. Quem está à frente deste caso é a promotora de Justiça Liliane Mendes Ramos, que se encontra de licença e estará retornando na segunda-feira à tarde.

Justiça Federal – Também a partir do inquérito 433/2007, no plano federal, Jordão Emericiano Júnior foi acionado em outubro de 2013 ainda, sob a acusação de lavagem de dinheiro e falsificação de documentos.

O que narra a ação penal? Na condição de sócio, Jordão Emericiano estaria gerindo fraudulentamente instituição financeira, a corretora de câmbio Didier e Levy em Pernambuco. Além de operar câmbio clandestino, o empresário é acusado de corrupção ativa.

Jordão Emereciano contou com a ajuda do então gerente-geral da agência da Caixa Econômica Federal em Jaboatão dos Guararapes, Otto Schmidt Neto. O funcionário público teria colaborado, em outubro de 2006, para a abertura de movimentação de contas sob nomes falsos ou de pessoas inexistentes, em agência sob responsabilidade. Otto teria usado “conhecidos seus” com a finalidade de aprovar as contas. Com o artifício, Jordão Emericiano poderia ir além do limite oficial que lhe era estabelecido para a troca de moeda estrangeira.

Derivado do mesmo IPL 433/2007, o processo foi instruido por determinação do desembargador do TRF5 Rogério Fialho Moreira. O caso é julgado pelo juiz federal César Arthur Cavalcanti de Carvalho, da 13ª Vara Federal.

Blog de Noélia – Informações sobre essas denúncias vieram a público no blog de Noélia Brito – que já colaborou com o Blog de Jamildo e é militante do PT – a partir de fragmentos de trechos dos grampos da PF, logo depois do primeiro turno das eleições presidenciais, quando o PSB de Eduardo Campos derrotou a aliança PTB/PT no Estado de Pernambuco. No plano nacional, com a derrota de Marina, o PSB anunciou aliança com o PSDB de Aécio Neves.

Veja as notais oficiais enviadas ao Blog de Jamildo
:

O inquérito n° 2007.8300006881-6 foi autuado na Justiça Federal em Pernambuco (JFPE) em 2007. Em dezembro de 2009, o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5), declinou da competência porque cessou a condição de deputado estadual de um dos investigados. Para continuação das investigações, o inquérito passou a tramitar de forma direta entre o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal. Desde março de 2013, o referido procedimento criminal foi remetido para Justiça Estadual de Pernambuco, encontrando-se em tramitação na 1ª Vara Criminal de Jaboatão dos Guararapes.

Justiça Federal em Pernambuco (JFPE)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Em novo caso de nudez, corredora sai pelada em Porto Alegre

'Chocante é o apoio à tortura de quem furta chocolate', diz advogado que acompanha jovem chicoteado

Foragido que fez cirurgia e mudou de identidade é preso comprando casa na praia