AMAR NUNCA É DEMAIS

Dr. Paulo Lima*

Esta semana resolvi escrever sobre um tema que gosto muito e, tenho certeza que vocês também. Refiro-me ao amor, esta dádiva que Deus escolheu para priorizar nos seus dez mandamentos. Antes, porém, permitam-me observar, que, diante de tanto ódio e preconceito de todo tipo, observado nos últimos dias, realmente as pessoas estão necessitando tomar uma dose de reforço de amor, carinho, compreensão, estas coisas boas que só fazem bem ao coração.

Vejam o exemplo daquela jovem, Patrícia Moreira, cheia de ódio e preconceito destilado contra o goleiro Aranha, semana que passou, em Porto Alegre, capital Gaúcha, no jogo do Grêmio X Santos, chamando-o de macaco, juntamente com uma meia dúzia de imbecis, alguns negros entre eles, vejam vocês! E mais recentemente, no mesmo Estado, quando atearam fogo no Centro de Tradições Gaúchas em Santana do Livramento. A polícia suspeita que o atentado tenha relação com o casamento comunitário que iria ser realizado no referido Centro, já que entre os casais havia um casal homossexual e suspeita-se que tenha relação com o ódio homofóbico. E não é só. Semana que passou o Brasil assistiu atônito a mais um crime que poderá ter ligação com esse preconceito odioso. Refiro-me a João Antônio Donati, 18 anos, assassinado em Inhumas, na Região Metropolitana de Goiânia. A vítima, que era homossexual, foi encontrada em um terreno baldio da cidade com hematomas pelo corpo e com pedaços de papel dentro da boca. 

Felizmente, crimes desta natureza ainda causam indignação em muitos de nós, mas que não deveriam sequer ser cometidos, já que estamos em pleno Século XXI. E certamente não ocorreriam se as pessoas cumprissem o primeiro mandamento da Lei de Deus. O mais grave, no entanto, é quando vemos um representante de uma Igreja dita evangélica, pregando o ódio e o preconceito homofóbico, em sua própria igreja, nos meios de comunicação e, inclusive, nas redes sociais. Felizmente, ao que tudo indica, pelas milhares de manifestações postadas na internet, pelo menos a sociedade está abrindo os lhos para “gente” desse tipo, na verdade um lixo humano da pior espécie, que deveria ser jogado lá pras bandas do Afeganistão, no Oriente Médio, para pregar lá, e não aqui, o seu ódio e preconceito, travestidos de fundamentalismo religioso.

Mas, é justamente lá do Rio Grande do Sul, que nos vem um exemplo de como amar, de forma incondicional, vale a pena.

Semana que passou, a justiça de Santa Maria, cidade gaúcha, assegurou a uma criança, nascida no último dia 27 de agosto, filha de um casal homossexual (duas mulheres), o direito de ter registrado em sua Certidão de Nascimento o nome do pai, de suas mães e dos avós paternos e maternos. O pai biológico da criança, amigo de uma delas, concordou em participar da concepção da criança, desde que constasse o seu nome na Certidão de Nascimento. E para que tudo isso? A resposta é elementar, já que, além de realizar o desejo da maternidade querem todos participar ativamente da vida de sua filha, ofertando amor e garantindo uma rede de afetos, cumprindo, em última instância, um preceito constitucional, inserido no art. 227 da Carta Magna, que assegura toda forma de proteção às nossas crianças e, embora nele não conste expressamente, também e principalmente, o amor incondicional. Encerro este texto lembrando aquela canção, que diz: “toda forma de amar vale à pena”. Simples assim.

Um abraço a todos.

*PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife e atualmente exerce o cargo de Procurador Federal.

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