'Não teve malícia', diz assistente sobre comentário de técnico no Catarinense

Em súmula, juiz cita recado de Celso Teixeira a Maira Americano Labes depois de expulsão no duelo entre Juventus e Chapecoense pelo Catarinense: 'Sua gostosa'

Por GloboEsporte.com - Itajaí, SC

São quase nove anos de carreira, e a auxiliar de arbitragem Maira Americano Labes sempre tem um objetivo ao entrar campo, seja em jogos amadores ou profissionais em Santa Catarina: mostrar que a mulher entende e tem competência e capacidade para trabalhar numa partida de futebol. Segundo ela, o caminho está sendo atingido pouco a pouco. Mas no último fim de semana, no duelo entre Juventus e Chapecoense pela nona rodada do hexagonal do Campeonato Catarinense, ela acabou surpreendida com um comentário que não deveria fazer parte do ambiente de trabalho.


Bonita, Maíra diz que não viu malícia no comentário do treinador (Foto: Arquivo Pessoal)

A personal trainer de 25 anos, moradora de Itajaí, ouviu do técnico do Moleque Travesso, Celso Teixeira, expulso pelo árbitro Paulo Henrique de Godoy Bezerra aos 16 minutos do segundo tempo, o recado.

– Vou sair, sua gostosa – disse o treinador, que depois se defendeu e revelou ter levado um puxão de orelha do próprio filho.

O comentário foi relatado em súmula, e a catarinense diz que é normal. Tanto que preferiu minimizar.

– Na hora eu ouvi, mas nem dei bola. O jogo estava um pouco tumultuado, e eu, focada. Só depois, junto com toda a arbitragem, o quarto árbitro (Clodoaldo Jusviack), que também ouviu, relatou para o Bezerra. Expliquei como aconteceu, e o fato foi para a súmula. Simples, como tudo o que ocorre em campo. Não vi como uma forma desrespeitosa em relação à mulher. Respeito o trabalho do treinador, é igual ao meu, todos são capacitados. Ele falou no impulso, e não vejo como malícia. Acredito que é uma boa pessoa – disse Maíra ao GloboEsporte.com/sc.


Celso Teixeira e Maíra Labes: polêmica após expulsão (Foto: Divulgação)

Bonita, loira e em forma, a personal trainer sabe que o corpo chama a atenção, principalmente nos estádios, reduto em maioria de torcedores masculinos. Mas diz que dentro de campo sempre houve respeito. Apaixonada por futebol desde pequena, Maira sonha agora com a vaga no quadro de árbitros da CBF. Atualmente, a catarinense apita apenas jogos femininos, mas espera em breve apitar partidas das Séries A e B.


Maira Americano é integrante do quadro feminino da CBF (Foto: Arquivo Pessoal)

– A mulher em campo é um instrumento diferente, não é muito comum, tem jogo que só trabalham homens. Temos que cuidar do corpo, e isso com certeza chama atenção, ainda mais no estádio. Mas a beleza deveria passar despercebida – diz ela, que acredita estar trilhando o rumo para alcançar seus objetivos. – Amo o meu trabalho. Gostaria de chegar a essa igualdade com os homens, estar em campo por merecimento. E nós estamos no caminho certo, as mulheres estão crescendo no estadual e fazendo um belo trabalho. Só tenho a agradecer o incentivo que temos para tudo isso.

Apesar da repercussão nas redes sociais, Maira leva numa boa o ocorrido em Jaraguá do Sul. Para ela, Celso se expressou num momento em que estava alterado, em decorrência da expulsão. E volta a dizer que não entendeu a frase com conotação sexual.

– Cada um encara uma coisa dessas de uma forma. Queremos é cumprir o nosso trabalho, esse é o nosso desejo. Sermos reconhecidas pelo nosso trabalho. Todas as mulheres querem ser respeitadas – finalizou.

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